União Europeia: relatório propõe integração para aquecer a economia

26 de junho de 2024 4 minutos
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Um relatório recente, comissionado pelos líderes europeus e divulgado pelo Financial Times, sugere que a União Europeia precisa integrar seus mercados financeiro, de energia e telecomunicações para evitar perder sua “segurança econômica” e ficar ainda mais atrás dos EUA e China. Enrico Letta, ex-primeiro-ministro italiano, foi encarregado de avaliar o desempenho do mercado comum europeu e destacou que uma maior integração é essencial para a sobrevivência econômica do bloco. Letta afirma que “somos pequenos demais” no cenário global e, sem uma integração mais profunda, a UE corre o risco de declínio econômico.

O peso econômico da União Europeia tem diminuído ao longo dos anos, representando atualmente apenas 13,3% do PIB global, uma queda significativa desde a fundação do bloco. Hoje, a influência econômica dos 440 milhões de consumidores da UE é superada pelos EUA e China, com a Índia não muito atrás. Letta argumenta que, para reverter essa tendência, Bruxelas deve usar os próximos cinco anos para buscar a integração dos mercados nacionais de serviços financeiros, energia e telecomunicações. Ele também sugere que as regras de fusão da UE sejam alteradas para permitir maior consolidação de mercado, destacando que a inércia no mercado único pode levar ao declínio econômico.

Além disso, a integração desses setores é vista como essencial para desbloquear mais financiamento privado para prioridades políticas, como a transição para uma economia mais verde, a expansão da UE para incluir Ucrânia, Moldávia e os Bálcãs Ocidentais, e o aumento dos gastos com defesa. Letta enfatiza que, sem soluções eficazes para financiar essas iniciativas, a UE pode enfrentar uma reação social e política significativa. “Se não conseguirmos responder à pergunta de como financiar a transição verde, a ampliação e as novas necessidades de segurança, seria muito, muito complicado evitar uma reação social e política”, disse ele.

A intervenção de Letta ocorre em um momento crítico, quando Fatih Birol, chefe da Agência Internacional de Energia, criticou a Europa por “erros monumentais” na política energética que a fizeram ficar para trás da China e dos EUA. Birol pediu à UE que desenvolva um “novo plano mestre industrial” para se recuperar. As necessidades de financiamento para tornar a economia da Europa mais verde são estimadas em 500 bilhões de euros por ano, de acordo com o ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que está elaborando um relatório separado sobre como melhorar a competitividade da Europa. Letta ressalta que a integração e a consolidação dos mercados europeus são cruciais não apenas para a recuperação econômica, mas também para manter a segurança econômica e política do bloco em um mundo cada vez mais competitivo.

Outra dimensão crítica destacada no relatório é a demografia. A Europa enfrenta desafios demográficos significativos que impactam diretamente sua economia. A população envelhecida e o baixo crescimento populacional contrastam fortemente com o dinamismo demográfico observado nos EUA e na China. Essa disparidade demográfica é um fator adicional que torna urgente a necessidade de integração econômica e de políticas que promovam a inovação e a competitividade.

Além disso, o relatório aborda a necessidade de reformar a política de concorrência da UE para permitir que as empresas europeias possam competir em escala global. Letta argumenta que regras mais flexíveis são necessárias para facilitar fusões e aquisições dentro do bloco, permitindo que as empresas cresçam e se tornem mais competitivas internacionalmente. “Se não encontrarmos uma maneira de usar dinheiro privado, essas necessidades não serão atendidas”, disse Letta. “Seria muito complicado encontrar uma solução baseada apenas em dinheiro público.”

Recursos públicos também serão necessários, o que significa que o orçamento comum da UE terá que aumentar acima do nível de 1% do PIB em que se encontra atualmente. Para cobrir as necessidades dos países menos desenvolvidos que se juntam ao bloco, Letta sugere criar uma “facilidade de ampliação” que distribua dinheiro de acordo com critérios rígidos destinados a acalmar preocupações sobre o mau uso dos fundos pelos países recém-chegados. “A ampliação é um impulso, é algo positivo”, disse ele. Os estados-membros existentes devem “entrar nesse processo de ampliação sem a ideia de que perderão tudo”.

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