União Europeia e China alinham cooperação para garantir sucesso da COP30 em Belém

Rafaela Collins, correspondente da IC em Belém 01 de agosto de 2025 4 minutos
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A COP30, que será realizada em Belém em 2025, ganha cada vez mais centralidade nas negociações climáticas globais. A recente reunião entre Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o presidente chinês Xi Jinping, em Pequim, evidencia esse novo cenário. O encontro, que marcou os 50 anos de relações diplomáticas entre a União Europeia e a China, abordou temas cruciais para o futuro do planeta, incluindo compromissos com a economia circular, o comércio de emissões e a transição verde. Apesar de tensões comerciais e geopolíticas persistentes, os dois líderes sinalizaram que, ao menos na agenda climática, há espaço para convergência e a COP30 pode ser o território simbólico desse esforço conjunto.

O diálogo entre as duas maiores potências comerciais do mundo é estratégico. China e União Europeia juntas respondem por uma parcela significativa das emissões globais de carbono e, ao mesmo tempo, investem em tecnologias de baixo carbono, fontes renováveis e inovação ambiental. A fala de Von der Leyen de que “o mundo precisa de liderança climática” ecoa a urgência por respostas concretas diante do colapso climático em curso. Mais do que uma visita protocolar, o encontro sugere que Belém poderá ser o palco onde consensos serão construídos, mesmo entre atores historicamente divergentes. A reunião, apesar da tensão em outras áreas, resultou em uma declaração conjunta reforçando a obrigação de ambos os blocos com o Acordo de Paris e com a ambição de promoção de resultados concretos na conferência. No encontro, foi explicitado o compromisso de colaboração em temas-chave como: Economia circular, com compartilhamento de soluções sustentáveis para indústria e consumo; Mercados de emissões (carbon trading) com objetivo de promover transparência e interoperabilidade entre sistemas regulatórios; Transição energética verde, incluindo apoio mútuo no acesso e difusão de tecnologias limpas, e redução rápida de metano e outras emissões.

Para China e União Europeia, a agenda climática é hoje o principal eixo de cooperação, acima de tensões comerciais e geopolíticas.

Expectativas para a COP30 e o protagonismo do Brasil

O Governo Europeu e chinês expressaram apoio mútuo ao Brasil como anfitrião da COP30, comprometeram-se a submeter novas contribuições nacionais (NDCs) até setembro de 2025 e enfatizaram que o desempenho da conferência dependerá da capacidade de gerar resultados inclusivos e ambiciosos.

A cooperação Europa‑China contribui diretamente para o protagonismo do Brasil no debate climático internacional, sinalizando que, mesmo em meio à concorrência global, há espaço para convergência e liderança compartilhada na luta contra as mudanças climáticas.

O Brasil, anfitrião da COP30, também ganha com esse movimento. A disposição da UE e da China em colaborar envia um sinal claro: há expectativas de que o país exerça um papel de mediação, costurando pontes entre o Norte e o Sul globais. Com a floresta amazônica no centro do debate, e um histórico recente de reconstrução da política ambiental brasileira, o momento é propício para que o Brasil lidere uma nova diplomacia climática, baseada em justiça ambiental, transição energética e cooperação internacional.

Mais do que negociações técnicas, a COP30 se desenha como um espaço de disputa narrativa e de reequilíbrio político. O alinhamento entre China e Europa, com ênfase em soluções sustentáveis e mecanismos de mercado de carbono, pressiona outros países a se posicionarem. Belém, por sua vez, deixa de ser apenas o cenário do evento e passa a representar um símbolo do que o mundo pode e precisa ser: um território onde os opostos dialogam em nome do bem comum

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