“Uma semente de ilusão, tem que morrer pra germinar”. A letra de Gilberto Gil para Drão, além de toda a poesia, poderia servir de explicação para uma das mais ambiciosas e bem sucedidas histórias do século XX: a União Europeia. Foram os horrores da Segunda Guerra Mundial que impulsionou a realização da utopia de uma Europa integrada, segura e unida.
O impacto nefasto do nazismo no continente europeu foi tão grande que foi capaz de fazer com que povos, culturas e países diferentes — por vezes inimigos seculares — se unissem em um projeto único, construído com garra e dificuldades, mas que hoje abrange 448 milhões de pessoas que falam 24 línguas diferentes, de 27 países espalhados por 4,3 milhões de quilômetros quadrados.
Se no começo a integração foi pela economia, curiosamente com a criação da Comunidade Europeia de Carvão e do Aço (CECA) — que garantiu o fim das taxas alfandegárias no comércio de aço e carvão entre os países membros — hoje a região é líder no debate ambiental. A liderança europeia na economia verde mostra como a evolução foi mais que apenas em números. Com o anúncio recente do Banco Central Europeu (BCE) de investir 30 bilhões de euros nos próximos anos para atingir a neutralidade climática até 2050, percebe-se que a ação em bloco é que viabiliza avanços mais contínuos e certeiros. Exemplo disso é que o bloco enxerga que eventos climáticos extremos danificam a infraestrutura, destroem colheitas e aumentam os preços dos alimentos.
Dentro desse contexto de integração e ação em bloco, da defesa dos valores europeus e ocidentais, a história da União Europeia ganhou um novo capítulo diante da, repetidamente horrenda, guerra, desta vez na Ucrânia. Um conflito que trouxe os países da região para um novo desafio, com impactos geopolíticos, sociais e econômicos, A invasão jogou luz para a dependência europeia do fornecimento de gás pela Rússia e deve repercutir economicamente pelos próximos anos. Mais uma vez, os esforços em conjunto serão fundamentais para uma solução, negociada e com visão estratégica unificada.
Para fazer frente ao risco de novos cortes no fornecimento de gás da Rússia, a União Europeia propôs nesta semana um novo instrumento legislativo e um Plano Europeu de Redução da Procura de Gás, para reduzir a utilização de gás na Europa em 15% até a próxima primavera no continente. Todos os consumidores, administrações públicas, famílias, proprietários de edifícios públicos, fornecedores de energia e indústria podem e devem tomar medidas para poupar gás. Esforços do bloco que somam também a diversificação da matriz energética dos países do bloco, com investimentos em geração de energia eólica em parques marítimos nos países nórdicos e na Alemanha, citando apenas alguns exemplos. Mas que só devem ficar prontos nos próximos anos.
Com o objetivo de mostrar a história, a economia, a inovação da região e os projetos que tornam a União Europeia única, seus desafios, soluções e exemplos, o portal que antes trazia notícias sobre os países escandinavos, agora reportará sobre temas relacionados a toda a Europa.