Uma piada de US$ 1 trilhão: na Noruega, maior fundo soberano do mundo virou sitcom

Série, que estreia na TV norueguesa neste mês, faz graça com os dilemas do fundo que transformou o país em peso pesado das finanças globais

03 de janeiro de 2019 3 minutos
Europeanway

Como lidar com a ideia de que um único erro que você cometer no trabalho pode causar um perda imediata de bilhões de dólares? Os noruegueses têm uma resposta para isso: eles fizeram graça. Os dilemas e conflitos administrativos, financeiros, éticos e morais do maior fundo soberano do mundo são a linha mestra da sitcom Oljefondet, ou "O Fundo do Petróleo", em tradução literal. O primeiro episódio foi ao ar online em dezembro (disponível aqui), e agora em janeiro a série passará a ser exibida pela TVNorge, canal de televisão da Discovery.

"É como The Office, mas com um problema de US$ 1 trilhão", diz o diretor Harald Zwart, em menção à sitcom que fez muito sucesso tanto em sua versão original, inglesa, protagonizada por Ricky Gervais, quanto na americana, estrelada por Steve Carell. É piada com os embates de um escritório – e com uma quantia de dinheiro inimaginável para qualquer ser humano médio.

 

Criado em 1990, o fundo soberano da Noruega administra as riquezas do petróleo extraído pelo país. Como suas regras impedem que o dinheiro seja aplicado na própria Noruega – um modo de evitar que o dinheiro em abundância se transforme em inflação -, o país distribui os recursos pelo mundo. Isso transformou essa nação de 5,3 milhões de habitantes em um peso pesado das finanças globais: o patrimônio do fundo inclui 1,4% de todas as ações de empresas do planeta, além de títulos e grandes propriedades mundo afora.

O fundo obedece a um conjunto rígido de princípios éticos e de transparência, e também nisso há piada, segundo o diretor. "A Noruega projeta uma imagem de estar muito consciente do meio ambiente. Mas, ao mesmo tempo, somos os que mais ganham dinheiro com o produto mais poluidor que existe. Há um dilema aí", disse o diretor Harald Zwart à agência Bloomberg. "Quando você se familiariza com a correção política da Noruega, nossos princípios social-democratas, um país onde as pessoas deixam o trabalho às 16h para buscar seus filhos no jardim de infância, você entende que isso tem potencial para ser muito engraçado."

Zwart, conhecido pela versão mais recente de Karate Kid (2010), criou a sitcom com o produtor Tom Gulbrandsen. A dupla explora essas contradições com cenas em que os gestores do fundo fecham negócios com um suspeitíssimo oligarca russo ou provocam empresários suecos com pilhas de dinheiro.

Há graça inclusive no próprio fato de que, até o surgimento do fundo trilionário, os noruegueses eram vistos como os primos pobres da Escandinávia, com renda média menor que a de seus vizinhos. Como parafraseou o jornal Financial Times, citando a série cômica Alas Smith and Jones, "lembre-se: um homem rico não passa de um homem pobre – com muito, muito dinheiro". A sitcom norueguesa sugere que o mesmo vale para os países.

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