Energia nuclear tornou-se um tema polêmico há décadas. Um verdadeiro divisor de águas na maneira como essa alternativa passou a ser vista foi o histórico acidente em Chernobyl, em abril de 1986, que causou grande número de mortes (no dia da explosão e nos meses e anos seguintes devido a contaminação) e um risco de radiação em toda a Europa.
Mesmo com a evolução tecnológica e de procedimentos, os fantasmas do ocorrido na Ucrânia ainda persistem?
Usinas têm sido desativadas no mundo todo ao longo dos anos, mas uma quantidade significativa ainda continua em funcionamento em diversos países. Segundo dados da ONU, são cerca de 400 em operação e mais de 50 sendo construídas em 2023.
Localizada próxima à costa do mar de Irlanda, em Cumbria, Inglaterra, a instalação nuclear Sellafield tem ocupado manchetes no noticiário europeu.
O motivo é um suposto vazamento em um silo que armazena resíduos radioativos. De acordo com reportagem apurada pelo jornal britânico The Guardian, o risco é real e a vazão crescente, com ameaça à população.
São seis quilômetros quadrados e 11 mil pessoas na maior planta do gênero em toda a Europa, voltada tanto ao suporte da indústria armamentista quanto à produção de energia nuclear.
Com nome de Nuclear Leaks, termo em inglês utilizado para nomear vazamentos de informações sigilosas, a investigação jornalística fala em fissuras e rachaduras em ambientes que são reservas de lama tóxica.
A notícia classifica o cenário como um dos “maiores riscos nucleares no Reino Unido”, com “consequências potencialmente significativas” e chances de contaminar águas de lençóis freáticos.
Segundo a apuração, em 2022 já ocorreram esforços diplomáticos com relação ao tema, com alertas vindo de nações como Noruega, Irlanda e Estados Unidos.
Existe um temor relacionado ao risco cumulativo do quadro, em uma planta que não apenas têm proporções semelhantes à usina de Chernobyl, como em 2001 armazenava quantidade significativamente superior de material radioativo.
Em nota à imprensa, os diretores da Sellafield afirmaram que não há risco elevado de segurança, ao contrário do que alega o jornal.
Ressaltaram que há transparência na gestão de riscos e que os problemas apontados pelo jornal são de conhecimento da direção – e estão sendo acompanhados de perto, com atualizações no seu site e atas públicas de reuniões.