Turnês de popstars e grandes eventos alimentam a inflação

Ciro Dias Reis é CEO da Imagem Corporativa 04 de julho de 2023 3 minutos
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Preço da energia? Dos alimentos? Não.

Começa agora a despontar uma nova variável capaz de elevar preços ao consumidor e mexer o ponteiro nos cálculos da inflação do hemisfério ocidental. São as superestrelas globais da música tais como Beyoncé e Taylor Swift, e os grandes eventos do mundo do entretenimento.

Semanas atrás economistas da Suécia fizeram os cálculos de como a passagem de Beyonce pela capital Estocolmo, que reuniu 80 mil fãs, fez disparar os preços dos hotéis, restaurantes, vestuário e de todo o ecossistema do segmento de turismo e lazer na região. A inflação na Suécia entre maio de 2022 e maio de 2023 foi de 9,7% e segundo os economistas o “efeito Beyoncé” foi responsável por algo entre 0,2% e 0,3% daquele total.

Beyoncé parece ter gerado efeito similar no Reino Unido. Em uma análise dos preços ao consumidor em maio passado o economista do UBS, Paul Donovan, diz que embora menos do que custos de outros itens como telefonia móvel, por exemplo, o impacto da sua World Renaissance Tour não pode ser desprezado. Os ingressos chegaram a custar £ 170 (195 euros) por pessoa, em um Reino Unidos que enfrenta um conjunto de problemas interligados: disparada no preço da energia e no valor das prestações da casa própria; salários achatados; disputas trabalhistas generalizadas; famílias de baixa renda em grandes dificuldades.

Mas Beyoncé não é a única artista que afeta a economia. Como um furacão, Taylor Swift está impactando as economias das cidades por onde passa com sua turnê mundial The Eras Tour.

Segundo levantamento da empresa de pesquisas QuestionPro seus fãs gastaram mais de US$ 1.300 nos Estados Unidos, em média, a cada show, numa somatória de ingressos, viagens, alimentação e roupas. Taylor Swift vem ao Brasil em outubro, e o frenesi em que se transformou a disputa pelos ingressos de seus shows em São Paulo e Rio fez com que ela acrescentasse duas apresentações às quatro inicialmente previstas, e os tíquetes chegam a superar os R$ 1.000,00.

Depois da América Latina será a vez da Europa, onde a cantora americana fará nada menos do que 33 apresentações em diversos países, arrastando multidões e alimentando o consumo.

A crescente correlação entre grandes eventos e a subida de preços não fica restrita às grandes cidades. No entorno do Agrishow, a meca do agronegócio brasileiro realizado anualmente em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a diária de um quarto em um singelo hotel de duas ou três estrelas da região durante os sete dias do evento, há dois meses, equivalia a um dia de estadia no tradicional Copacabana Palace do Rio de Janeiro.

 

 

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