O acordo UE-Mercosul visa criar uma das maiores zonas de comércio livre do mundo e prevê a eliminação de direitos aduaneiros sobre um grande número de produtos comercializados entre o bloco europeu e bloco sul-americano que incluir Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde julho de 2024, a Bolívia.
Do ponto de vista da Europa, os itens de maior interesse da região para comprar do Mercosul devem ser alimentos e minerais importantes como o lítio, utilizado em baterias de carros elétricos (o que permitiria reduzir a dependência da China nesse campo).
Ao mesmo tempo, os países do Mercosul terão maior facilidade para importar livremente automóveis, maquinários e equipamentos de informática, têxteis, vinhos e outros produtos alimentares.
Mesmo com uma boa dose de oposição ao acordo, especialmente por parte dos agricultores europeus que temem aumento da concorrência, quem defende a ideia argumenta que será criado um ambiente de comércio com alcance de 750 milhões pessoas, que representam 20% da economia global. Esse movimento, acrescentam os defensores do acordo, permitirá compensar pelo menos em parte o crescente peso das empresas chinesas no Ocidente.
A indústria farmacêutica do continente não deve ser exatamente uma das principais beneficiárias do acordo, mas de qualquer forma novas oportunidades devem se abrir para esse setor, que tem sido pouco discutido quando o assunto são as conexões com o Mercosul. A previsão é de que as empresas farmacêuticas se mostrem bastante competitivas no bloco dos países sul-americanos.
O tom de abertura de artigo do jornal econômico italiano Il Sole 24 Ore publicado na própria sexta-feira permite antever os próximos rounds no processo de ratificação do acordo UE-Mercosul.
Organizações (do agronegócio italiano) como Coldiretti e Confagricoltura querem regras de reciprocidade para evitar a entrada de produtos com teores de antibióticos e pesticidas superiores aos padrões europeus
Coldiretti, entidade que representa empreendedores de pequeno porte por toda a Itália e possui 1,6 milhão de associados, escreve em seu website: “Mercosul: acordo inaceitável que penaliza a agricultura europeia”.