
A Suíça chegou à COP30 com uma estratégia incomum entre países europeus: em vez de ocupar o centro do discurso, decidiu abrir espaço para que povos originários da Amazônia conduzam reflexões sobre futuro, território e conhecimento. A Planetary Embassy, instalada pela Swissnex em Belém, tornou-se um dos ambientes mais simbólicos da conferência por propor um modelo de diplomacia que parte da escuta e da colaboração. O país defende que a crise climática não será solucionada apenas por inovação tecnológica, mas por sistemas de conhecimento que integrem ciência, espiritualidade, arte e práticas ancestrais de cuidado com a Terra.
No espaço, quem conduz o diálogo são os próprios povos originários. Entre eles, a participação de Ehuana Yaira Yanomami, artista, autora e liderança reconhecida internacionalmente, ganhou destaque. Ela apresentou seu trabalho sobre corporalidades, memória e espiritualidade Yanomami, reforçando a urgência de proteger territórios e garantir condições dignas de vida às comunidades. A presença de Ehuana simboliza a agenda suíça: mostrar que não há futuro climático sem futuro indígena. A Suíça, ao abrir sua estrutura para essas vozes, fortalece a noção de que conhecimento tradicional é tão estratégico quanto qualquer inovação ambiental de ponta.
Para representantes suíços, a COP30 precisa ser um espaço de troca e não apenas de negociação. Ao convidar lideranças indígenas para ocupar o centro do debate, o país se alinha a uma visão global que reconhece a importância de quem, historicamente, preserva 80% da biodiversidade do planeta. Na prática, a iniciativa coloca a Suíça entre os poucos países que apostam em diplomacia cultural e científica como ferramenta de impacto climático. Em Belém, a mensagem suíça é clara: soluções duradouras surgem quando o mundo escuta aqueles que carregam, na própria existência, a memória e a prática da preservação.





