Há poucos anos, a Suécia registrou níveis inéditos de deportações de profissionais estrangeiros. Segundo os críticos das medidas, o fenômeno não parecia fazer sentido, já que essas pessoas estavam em postos de altíssima qualificação. Além disso, não se tratava de cidadãos de outros países “roubando” empregos dos suecos; na verdade, eles têm assumido vagas para as quais não há suecos disponíveis para ocupá-las imediatamente. Muitos suecos reagiram às deportações, e agora um prêmio recém-criado pretende reforçar a mensagem de inclusão ao identificar as melhores empresas para estrangeiros trabalharem no país.
Batizado de Leaders of Diversity, o prêmio vai eleger empresários, executivos e corporações que têm se destacado nos esforços por maior inclusão de seus colaboradores estrangeiros. A iniciativa é da Diversify Foundation, entidade que ajuda profissionais de outros países a se adaptarem à vida na Suécia.
O fenômeno da expulsão de estrangeiros, em particular os de alta qualificação, ganhou holofotes em 2016, com a deportação de um profissional paquistanês. A decisão das autoridades suecas fez surgir uma petição de apoio ao trabalhador que recolheu 10 mil assinaturas, entre elas a de Daniel Ek, um dos fundadores do Spotify. Mais tarde, Ek revelou que 15 dos profissionais mais graduados de sua empresa haviam sido ameaçados de deportação.
Falhas simples, consequências enormes
Em 2017, mais de 1,8 mil pessoas tiveram negada a renovação de seus vistos de trabalho, muitas vezes em virtude de falhas simples de preenchimento de cadastro. Essas ações fizeram até surgir naquele ano uma nova palavra nos dicionários de sueco. O termo kompetensutvisning passou a ser usado para falar sobre a deportação de profissionais de alta qualificação.
O número de deportações caiu desde então, graças, em parte, aos alertas dados pelos próprios empresários de que elas podem afetar os negócios e a saúde econômica da Suécia. A Câmara de Comércio de Estocolmo, por exemplo, advertiu no ano passado que a economia da capital do país poderia ser abalada se a tendência se mantivesse.
Indicações voluntárias
O prêmio Leaders of Diversity será entregue no dia 24 de abril, em Estocolmo. Ao todo, 65 empresas foram indicadas. A lista foi feita a partir de uma pesquisa com mais de 600 profissionais nascidos em outros países. Em suas respostas, eles apontaram, voluntariamente, os nomes dos empregadores que os ajudaram a solucionar seu imbróglio com o visto de trabalho.
A programação do evento terá itens de grande valor simbólico. A comida, por exemplo, será fornecida pela Sopköket, organização que trabalha com alimentos sustentáveis e emprega muitos estrangeiros recém-chegados ao país. A cerveja que será servida aos convidados, por sua vez, virá da microcervejaria Brewing Költur. A empresa é comandada por um empreendedor americano que teve a renovação de seu visto de trabalho negada no ano passado.