Sob a liderança de cientistas do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Brasil conta, desde o fim do ano passado, com um projeto que pretende estimular a inovação no setor aeroespacial no país. E há inspiração escandinava na iniciativa: a ideia baseou-se em um programa sueco de integração entre entidades de pesquisa e empresas do setor privado.
No ar desde setembro, a Brazilian Aerospace Research and Innovation Network (Barinet, na sigla em inglês) funciona como uma rede de cooperação para conectar especialistas na área e fazer a ponte entre a academia e a indústria. Sua referência é o Swedish Aeronautical Research Center (Sarc), projeto criado em 2018 para interligar universidades e organizações suecas do setor aeronáutico.
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A ideia da Barinet é que, em vez de bater à porta de cada universidade à procura de especialistas para seus diferentes projetos, as empresas do setor aeroespacial possam buscar soluções para seus produtos na rede. Ao ser acionada, a organização poderá designar os membros mais indicados.
Emilia Villani, cofundadora do projeto e pesquisadora do ITA, explica que a criação da Barinet não está vinculada aos caças Gripen, que o Brasil comprou da sueca Saab por US$ 4,05 bilhões em 2014, mas sim ao contato entre pesquisadores dos dois países. “Queremos aumentar a colaboração para transformar a pesquisa em inovação que possa ser incorporada a produtos e gerar retorno à sociedade”, disse a cientista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Para além de servir como ponte para profissionais que deixam as universidades para atuar no setor privado, a rede pode ajudar o Brasil a abocanhar uma fatia de um mercado gigantesco. Segundo a consultoria The Business Research Company, a indústria aeroespacial deve atingir valor global de US$ 526,1 bilhões em 2022. Os valores incluem produção, manutenção e suporte de equipamentos, entre outros serviços.