Na mesma semana em que a Airbus indicou que tem como meta o ano de 2035 para ter seus primeiros aviões a hidrogênio voando pelo mundo, a startup sueca Heart Aerospace apresentou sua proposta de voos com emissão zero: aeronaves elétricas. Porém a empresa tem um sonho mais ousado que a gigante europeia, pois pretende ter seu primeiro modelo de avião regional, com capacidade para 19 passageiros, voando comercialmente em 2026.
A busca por alternativas ambientalmente corretas para aeronaves tem crescido nos últimos anos e está sendo impulsionada pelo movimento “flight shaming” (vergonha de voar), que surgiu na Suécia. A mobilização partiu de pessoas que, ao invés de se encantarem com a facilidade de voar – sobretudo na Europa, região que concentra o maior número de empresas aéreas “low cost” – se culpam por contribuírem com, provavelmente, a atividade que mais emite carbono que uma pessoa possa fazer. Estudos das próprias empresas áreas indicam que até 3% das emissões de gases causadores do aquecimento global no mundo partem dos aviões.
Neste contexto, a Heart Aerospace, apresentou no dia 23, em um evento em Gotemburgo, seu “drivetrain” elétrico (o sistema em um veículo motorizado que conecta a transmissão aos eixos de tração) e a tecnologia da bateria do primeiro avião totalmente livre de combustível fóssil da marca. Ambos sistemas equiparão o projeto de aeronave da companhia, nomeado de ES-19.
O site da companhia informa que o objetivo da aeronave é ter uma autonomia de 400 quilômetros de voo, o que equivale à distância entre as cidades de São Paulo e Rio de janeiro. Segundo o site “EU-Startups”, já há uma demanda anunciada de 117 aeronaves deste modelo, que podem render à empresa 1,1 bilhão de euros (cerca de R$ 7,2 bilhões).
A questão da bateria é crucial. Da mesma forma que o grande desafio dos aviões a hidrogênio é levar o combustível de forma segura e eficiente, no caso dos aviões elétricos o desafio do armazenamento de potência é crucial. Embora cada vez sejam mais populares carros elétricos, que possuem a autonomia de centenas de quilômetros, no caso do aviões isso é ainda mais grave: para que um avião elétrico cubra uma distância significativa, as baterias devem conter muita potência e energia – e as baterias são pesadas.
Fundada em 2018 com a visão de criar viagens aéreas verdes, acessíveis e econômicas, a Heart Aerospace foi derivada do projeto Electric Air Travel in Sweden (ELISE), financiado pela agência de inovação sueca Vinnova; também é um ex-aluno do Y Combinator. Juntamente com o impacto ambiental, os benefícios incluem redução da poluição sonora, operações mais seguras e um serviço mais econômico, já que os sistemas de propulsão elétrica são muito mais eficientes e consistem em menos peças mecânicas.