Há milênios, o vinho tece sua história ao longo da trajetória fascinante da civilização, deixando um legado que se entrelaça com as civilizações antigas do Egito, Mesopotâmia e Pérsia. No epicentro dessa narrativa, surge a alemã Staffelter Hof, não apenas a vinícola mais antiga do mundo, mas também uma das empresas mais antigas, cujas raízes remontam ao ano de 862.
Em uma doação real de terras às margens do rio Mosel, o rei Lothar II, membro da dinastia Carolíngia, presenteou o Staffelter Hof e suas instalações a um ramo da ordem beneditina. Documentos históricos evidenciam que, desde então, a produção de vinho tornou-se uma atividade primordial para essa propriedade singular.
Com as terras adquiridas por Peter Schneiders em 1805, a saga da Staffelter Hof continua por sete gerações, sendo atualmente administrada por Jan Matthias Klein. Com mais de 1.160 safras, a vinícola concentra-se na produção de vinhos, destacando-se pela ênfase na Riesling de cultivo orgânico. Abraçando a filosofia de preservação do solo, a Staffelter Hof pratica a agricultura orgânica desde 2011, obtendo certificação em 2014, uma raridade na região do Vale do Mosela.
Inovadores em sua abordagem, os vinhedos da Staffelter Hof não se limitam ao convencional. Além dos tradicionais Rieslings, a vinícola destaca-se como pioneira local na produção de vinhos naturais. Utilizando repelentes naturais de insetos, intervenção mínima na adega e adição mínima de enxofre, seus vinhos são verdadeiras expressões da natureza, não filtrados, sem clarificação e engarrafados artesanalmente.
A jornada de inovação continua com a contratação, em 2018, de Yamile Abad, uma enóloga peruana, como assistente de adega, marcando um passo progressista rumo à inclusividade na cultura vinícola europeia. Assim, a Staffelter Hof não apenas preserva sua história, mas também molda o futuro do vinho com uma abordagem ousada e sustentável.
A região
Com mais de 90% de suas parreiras cultivando uvas brancas, notavelmente a casta Riesling, que domina com mais de 60%, a região ostenta a maior área de cultivo dessa variedade no mundo, ultrapassando 5,3 mil hectares.
A viticultura no Mosela floresce sob condições ideais, beneficiando-se do calor armazenado pelo rio, que previne geadas, e do reflexo solar nas encostas de ardósia. Com mais de 2 mil anos de tradição, esta região romântica testemunhou o cultivo de vinho desde os tempos dos celtas e romanos. Atualmente, abriga mais de 100 cidades vinícolas, cerca de 5 mil viticultores e aproximadamente 9.300 hectares, que sustentam cerca de 70 milhões de videiras, consolidando seu lugar como um dos berços mais notáveis da vitivinicultura mundial.