Os retrocessos na democracia têm crescido em todo o mundo nos últimos anos – e o Brasil é um dos países que lideram esse fenômeno, segundo o Instituto V-Dem, da Suécia. A constatação do instituto, ligado à Universidade de Gotemburgo, está baseada naquele que é o maior banco de dados sobre democracias no planeta.
Todos os anos, o V-Dem publica um amplo relatório sobre o status global da democracia. Na edição de 2020, os autores mostram como os regimes políticos e legais dos países transformaram-se ao longo da última década. O Brasil ficou entre os cinco que mais regrediram nesse período, atrás apenas de Hungria, Turquia, Polônia e Sérvia.
Desses quatro, três – Hungria, Turquia e Sérvia – hoje vivem sob regimes não mais considerados democráticos, de acordo com o instituto, que agora dá a eles a classificação de “autocracias eleitorais”. Isso significa que há eleições nesses países, mas, na prática, o poder do Estado está nas mãos de um só governante. É a mesma classificação dada, por exemplo, à Venezuela, comandada pelo ditador (eleito por voto popular) Nicolás Maduro.
Violência e polarização tóxica
Brasil e Polônia são tidos hoje como “democracias eleitorais” (o Brasil recebeu essa classificação tanto em 2009 quanto em 2019), status abaixo do mais alto da escala do instituto, o das “democracias liberais”. No entanto, os dois países são citados como exemplos do movimento global de “autocratização”; ambos têm registrado “polarização tóxica, protestos a favor de regimes autocráticos e violência política”, informa o relatório.
O V-Dem, que no ano passado já havia identificado que o Brasil vive uma “erosão democrática“, produz e coleta informações sobre as democracias nos países desde 1789. Ao todo, 3 mil acadêmicos de todo o mundo participam da formulação dos relatórios. Dos cinco países no topo da lista das democracias liberais, três são escandinavos: Dinamarca, que aparece em primeiro lugar, Suécia (3) e Noruega (5).
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