Regramento digital na Europa vai impactar negócios da Apple no continente

29 de janeiro de 2024 3 minutos
Europeanway

A magnitude da Apple no mercado global é incontestável e os números falam por si: até hoje a empresa vendeu mais de 2 bilhões de iPhones (para uma população mundial de 8 bilhões) e tem valor de mercado de US$ 2,94 trilhões, número que fica atrás do PIB de apenas um pequeno grupo de países (Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Índia, França e Reino Unido), superando outras 183 economias ao redor do mundo.

Mais: a Apple Store é responsável por mais de US$ 900 bilhões anuais em vendas dos mais diferentes produtos e serviços.

Mesmo assim a empresa não está livre de alguns contratempos, e o mais recente deles vem da Europa.

Em 1º de novembro de 2022, a Lei dos Mercados Digitais foi promulgada em toda a União Europeia, marcando uma nova era na regulação das gigantes tecnológicas. Após um período de adaptação iniciado em maio do ano passado, as primeiras ondas de mudanças substanciais começarão a se manifestar em março próximo, deixando a Apple e seus usuários europeus no epicentro das transformações.

A principal alteração iminente é a permissão para sideloading, prática comum no sistema operacional Android, mas até então proibida no ecossistema da Apple. A partir do iOS 17.4, exclusivamente na Europa, os usuários de iPhone e iPad poderão baixar aplicativos de fontes externas à App Store. Esta medida, imposta pela legislação europeia, representa uma significativa quebra de paradigma para a Apple.

A resistência inicial permitir o sideloading foi evidente, mas a inevitabilidade das novas regulamentações europeias forçou a empresa a se ajustar. Contudo, a mudança tem suas peculiaridades: os usuários só poderão instalar aplicativos através de marketplaces alternativos, não sendo permitido o download individual de apps. Esses marketplaces serão disponibilizados pelos desenvolvedores em seus sites oficiais, sendo eles os responsáveis por todas as operações relacionadas, como atualizações e reembolsos.

A integração desses marketplaces alternativos será realizada por meio do App Store Connect, mantendo uma forma de centralização e controle por parte da Apple. Desenvolvedores poderão vincular diferentes lojas às suas contas, decidindo onde disponibilizar suas criações. Essa medida permite até mesmo o lançamento exclusivo em espaços alternativos, sem a presença nas prateleiras oficiais da App Store.

Em um cenário em que a Apple tradicionalmente obtém 30% de todas as compras digitais realizadas na App Store, essa mudança representa não apenas uma transformação técnica, mas também financeira. Esta porcentagem é aplicada a uma gama diversificada de transações, desde compras de aplicativos até assinaturas de serviços de streaming, representando uma parte significativa da receita da empresa.

A empresa agora se encontra no epicentro de uma revolução digital, impulsionada pelas mudanças regulatórias europeias, que têm o potencial de remodelar significativamente o panorama da tecnologia e dos negócios digitais.

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