A Noruega tem uma meta ambiciosa na eletrificação da sua frota rodoviária: até o final de 2025, o governo deseja que 100% dos carros novos vendidos no país sejam veículos com zero emissões. Há um ano antes do final do prazo, o país está perto de alcançar sua meta: 89% dos carros vendidos em 2024 foram veículos elétricos. Em 2023, o número foi de 82,4%. A média global entre países desenvolvidos não chega a 20%.
Somados, os carros 100% elétricos e híbridos já respondem por mais de 40% dos veículos nas ruas do país. O maior comprador de carros a combustão na Noruega atualmente são as empresas de locação de veículos, preocupadas com o fato de que a maioria dos turistas não está acostumada com carros elétricos.
A adoção acelerada tem uma explicação: fortes subsídios governamentais, entre eles isenções de impostos e taxas, isenção para pedágios e estacionamento, e benefícios fiscais diversos. O país gasta mais de US$ 4 bilhões por ano com subsídios para EVs, o que é cerca de 2% do orçamento federal anual. Taxas extras aplicadas a veículos a combustão e à indústria de óleo e gás – a maior indústria do país, responsável por mais de 20% do PIB – financiam o projeto.
Mas o sucesso da empreitada teve um efeito colateral inesperado: os subsídios elevados, que chegavam a cobrir mais da metade do preço de um carro elétrico novo, tornaram a compra tão atrativa que o uso de transporte público na Noruega despencou, e a taxa e utilização das ruas explodiu. Para que andar de ônibus se o governo paga você para ter um carro?
“Todos concordam que 100% dos carros devem ser elétricos. Essa não é a questão”, disse Tiina Ruohonen, consultora climática do prefeito de Oslo, ao site Vox. “A verdadeira questão é se você realmente precisa ter um carro em Oslo.”
Com a meta de adoção de EVs para 2025 praticamente cumprida, o governo anunciou que irá reduzir os subsídios gradativamente, começando pelos veículos de luxo. E as quatro maiores cidades do país – a capital Oslo e as cidades de Bergen, Trondheim, e Stavanger assumiram um compromisso de potencializar o uso de bicicletas, pedestres e transporte coletivo, em detrimento dos carros – elétricos ou não.