No último domingo, jogando em casa, diante de 15 mil torcedores que lotaram a arena Jyske Bank Boxen, em Herning, a Dinamarca derrotou a Noruega por 31 a 22 e conquistou o mundial de handebol masculino pela primeira vez na história. Essa final 100% escandinava, além de incomum, também levanta a pergunta: é possível determinar qual a maior potência esportiva da região? Um pesquisador dinamarquês acredita que sim – e ele até já arriscou uma resposta.
Michael Andersen é da Scandinavian Network for Elite Sport, uma rede de cooperação da qual fazem parte univesidades e entidades esportivas da Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia. Após cruzar dados, comparar resultados internacionais dos quatro países em Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno e em campeonatos mundiais tanto de esportes olímpicos quanto de não-olímpicos (a análise incluiu de boliche a Fórmula 1), Andersen afirmou que a hegemonia esportiva entre os escandinavos é dos suecos.
O próprio Andersen admite que o resultado de seu levantamento é bastante subjetivo. "É difícil fazer análises comparativas da performance de cada país na elite esportiva internacional. Há muitos desafios metedológicos", escreveu ele em seu estudo. As dificuldades incluem escolher quais modalidades incluir nos comparativos e qual o peso a dar para ganhadores de medalhas e para os que não ganharam, mas que terminaram as competições em boas posições.
O levantamento apresenta em detalhes o número de medalhas de cada um dos quatro países nos Jogos Olímpicos desde sua criação. "A Suécia está entre os 20 principais países tanto nas Olimpíadas de Verão quanto nas de inverno – e isso com uma população de cerca de 10 milhões de pessoas", diz o estudo.
Em uma perspectiva histórica, a Suécia foi uma das principais potências esportivas do mundo na primeira metade do século XX – apenas Estados Unidos e Grã-Bretanha ganharam mais medalhas que os suecos nos Jogos de Verão realizados antes da Segunda Guerra Mundial. "Mas é importante registrar que a performance da Suécia nas Olimpíadas caiu desde a virada do milênio", ressalva Andersen.
Todos os quatro países analisados têm qualidades que os creditam como potências esportivas regionais. Se os suecos se destacaram ao longo da história, os dinamarqueses é que têm tido os melhores resultados nos Jogos Olímpicos de Verão mais recentes. Na Rio-2016, por exemplo, a Dinamarca conquistou, ao todo, 15 medalhas, o que fez do país o campeão no quadro de medalhas entre os escandinavos – os dinamarqueses já tinham sido os de melhor desempenho em Londres-2012, com nove medalhas ao todo.
A Noruega, por sua vez, tem como principal trunfo seus resultados em esportes e Olimpíadas de Inverno, nas quais ela é, disparada, a que melhor se sai entre os quatro países analisados. Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, realizados em Pyeongchang, na Coreia do Sul, por exemplo, os noruegueses terminaram em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, com um total de 39, sendo 14 de ouro (os resultados de Pyeongchang não entraram na análise, que vai até a Rio-2016).
E, assim como a Suécia, a Finlândia tem um histórico de respeito. Ainda que seu desempenho na Rio-2016 tenha sido o mais fraco já registrado (os finlandeses levaram apenas uma medalha, de bronze, no boxe feminino), o país soma 302 medalhas na história dos Jogos Olímpicos de Verão, sendo 101 de ouro. São mais de 100 pódios a mais que os dinamarqueses e praticamente o dobro dos noruegueses.
Para efeito de comparação, o Brasil conquistou 129 medalhas na história dos Jogos Olímpicos de Verão (e nenhuma nos de inverno). Proporcionalmente, o desempenho dos escandinavos é muito mais positivo: a Noruega, o país menos populoso entre os quatro avaliados, tem 5,2 milhões de habitantes; o Brasil, 210 milhões.