Jan Vapaavuori, prefeito de Helsinki, afirmou nesta terça-feira (26.01) em um debate do Fórum Econômico Social que as cidades pós-pandemia do novo coronavírus precisam lutar para não ter guetos. Em sua participação em um painel sobre a necessidade de se repensar as cidades após a crise da Covid-19, o finlandês disse que a crise sanitária mostrou que a população está toda conectada e precisa estar toda saudável.
“Precisamos de políticas confiáveis de inclusão. Não poderemos mais ter cidades com guetos, áreas segregadas ou bairros ruins”, afirmou no evento realizado remotamente por causa da pandemia. “Essa pandemia nos obriga a confiar mais uns nos outros, pensar mais na coletividade”, disse.
Para o prefeito da capital finlandesa, as transformações exigidas pela pandemia ocorrerão ao mesmo tempo que outros desafios, como a digitalização e o enfrentamento das mudanças climáticas, transformações globais que afetam também as cidades. A pandemia, contudo, deixou tudo mais urgente e escancarou problemas. “A percepção sobre desigualdades ficou maior com a pandemia, e essa consciência impulsiona o desejo de mudar a desigualdade estrutural de uma forma que não víamos há muito tempo”, disse Vapaavuori.
O evento contou ainda com a participação de Jonathan Reckford, CEO da ONG Habitat for Humanity International (HFH), Sridhar Gadhi, fundador e CEO da Quartela, Coen Van Oostrom, fundador e CEO da Edge Technologies, e Penny Abeywardena, secretária de Relações Internacionais da cidade de Nova York. “Se você se importa com a saúde, tem que se importar com a moradia”, disse Reckford. Ele defende uma visão sistêmica das cidades, pois há no mundo ao menos um bilhão de pessoas que vivem em moradias precárias.
Para Jonathan, da HFH, o melhor modelo de moradia vai ser aquele com uma perspectiva humana e sustentável. O prefeito complementa essa ideia e diz ainda que é preciso “buscar uma abordagem ampla e abrangente para uma mudança sistêmica”. “Precisamos investir em cidades mais igualitárias, sustentáveis e acessíveis. Hoje temos no mundo quase 1 bilhão de pessoas vivendo em moradias precárias.”
Coen Van Oostrom, da Edge, acredita que o mercado imobiliário vai ter de se movimentar para mudar e se adaptar. Segundo ele, isso vai dar trabalho, mas é preciso priorizar a saúde e a segurança nos imóveis. Outra mudança é que os escritórios precisam ser lugares convidativos. Coen diz que o setor imobiliário está em uma “encruzilhada”, pois há muitas mudanças ocorrendo ao mesmo tempo. Além da pandemia, o setor enfrenta a crise de sustentabilidade, e pode aproveitar a “visão verde” que está acontecendo na Europa e que está apenas começando nos Estados Unidos.