Foi essa a pergunta que ficou na cabeça de Tom Blomfield, partner da Y Combinator, uma das maiores aceleradoras de startups do Vale do Silício, após uma semana conversando com estudantes de conceituadas universidades britânicas, como Oxford (sua alma mater), Cambridge, e o Imperial College.
Em um post em seu blog, o executivo reconta sua experiência como estudante no Reino Unido, contrastada com sua experiência no Vale do Silício, e conclui que a falta de ímpeto empreendedor dos estudantes britânicos não está ligada a incentivos públicos, ou acesso a capital, ou expertise técnica. O problema, segundo Blomfield, é uma atitude cultural em relação a riscos.
“No Reino Unido, as ideias de assumir riscos e de ambição comercial audaciosa são vistas como negativas. O sonho americano é a crença de que qualquer pessoa pode ser bem-sucedida se for inteligente o suficiente e trabalhar duro o suficiente. Quer isso seja ou não a realidade para a maioria dos americanos, o Vale do Silício prospera graças a esse otimismo.”
Para Blomfield, há um pessimismo enraizado na cultura de negócios da Europa, que vê novas ideias de negócios com demasiado ceticismo e expectativas irreais. Essa mentalidade leva os empreendedores das universidades britânicas a enxergarem somente o “copo meio vazio” de um empreendimento novo.
“Founders no Reino Unido frequentemente me dizem ‘Eu só quero ser mais realista’ e apresentam seus negócios aos investidores descrevendo o resultado médio esperado, que no mundo das startups, é o fracasso”, diz o executivo. “Já os founders americanos imaginam todos os cenários possíveis e vendem os cenários mais otimistas. (…) E essa abordagem é exatamente o que os investidores de risco estão procurando. É uma indústria baseada em retornos excepcionais, especialmente nos estágios iniciais. Talvez 70% dos investimentos falhem completamente, e outros 29% gerem um retorno modesto – de um a três vezes o capital investido. Mas 1% dos investimentos retornarão 1000 vezes o valor inicialmente investido. Esses 1% de sucessos facilmente cobrem todas as outras falhas.”