Estudo finlandês desvenda por que filmes de terror causam medo

20 de fevereiro de 2020 3 minutos
filme de terror

Em 2008, o diretor sueco Tomas Alfredson lançou Deixe Ela Entrar (Låt den rätte komma in, no original em sueco), filme que não chegou a ser um arrasa-quarteirão nas bilheterias. Ainda assim, ele teve ótima repercussão internacional, a despeito de integrar um gênero do cinema pouco associado a obras de primeira linha: o de filmes de terror. O Instituto de Cinema Britânico (BFI, na sigla em inglês) elegeu Deixe Ela Entrar um dos dez melhores filmes lançados naquele ano. O agregador de críticas de cinema e TV Rotten Tomatoes, por sua vez, o coloca na lista dos 20 melhores filmes de terror já feitos no mundo. Definitivamente, o pequeno grande filme sueco, que revigorou as histórias sobre vampiros a partir do ponto de vista de dois pré-adolescentes, reforça o apelo dos filmes de terror entre o público.

Mas, afinal, por que sentimos medo em filmes de terror e nos envolvemos tanto com histórias como as contadas por Tomas Alfredson? Cientistas da Universidade de Turku investigaram o fenômeno capturando imagens de ressonância magnética de 37 pessoas enquanto elas assistiam a longas do gênero. Os resultados da pesquisa da universidade finlandesa foram publicados na periódico científico NeuroImage.

A primeira etapa do trabalho foi selecionar os filmes a partir de uma lista de 100 longas populares de terror. Os pesquisadores também levaram em conta o número de cenas assustadoras em cada filme e se os participantes já haviam assistido a eles. Os escolhidos foram Sobrenatural (2010) e Invocação do Mal (2013), ambos dirigidos pelo malaio James Wan.

Dois tipos de medo

Para levantar as informações, o estudo concentrou-se em dois tipos de medo. Um deles é o de expectativa, quando se tem a impressão de mau presságio em um cenário assustador. O outro tipo é a resposta instintiva que se tem com uma aparição inesperada de um monstro ou outra ameaça. É o que no cinema americano é conhecido como “jump scare“.

A equipe descobriu que, no primeiro caso, em termos de percepção visual e auditiva, a atividade cerebral cresce de maneira acentuada. Nos momentos de susto repentino, houve um aumento de atividade nas áreas do cérebro envolvidas no processamento de emoções e na tomada de decisões. Em todos os casos, essas áreas são ativadas, sobretudo, em situações de perigo real.

Por fim, os pesquisadores também levantaram dados sobre o apelo dos filmes de terror com o público. Entre os voluntários, 72% disseram assistir a pelo menos um filme desse gênero a cada seis meses. Uma das conclusões dos cientistas foi que, quanto mais assustadora o espectador julgava ser a trama, mais provável que ele acabasse gostando.

Os participantes relataram que a sensação mais comum provocada pelos filmes é a de empolgação, seguida por medo e ansiedade. Além disso, os longas de terror psicológico (aqueles que costumam utilizar a instabilidade mental de personagens para mover a trama) foram considerados os mais assustadores e envolventes.

Assista ao trailer de Deixe Ela Entrar:

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