A maior eleição do mundo começou nesta sexta-feira na Índia. Estão aptos a votar 969 milhões de pessoas (dos 1,4 bilhão de habitantes do país), mais de 4,5 vezes a população brasileira. O processo eleitoral tem várias fases e terminará apenas em 1º. de junho. Os resultados serão divulgados três dias depois.
Na primeira fase os indianos vão escolher 543 nomes para preencher os assentos na câmara baixa do parlamento. O partido que obtiver a maioria vai nomear seu candidato como primeiro-ministro, que formará assim seu gabinete de governo.
As apostas quase unânimes são de que o atual primeiro-ministro Narendra Modi, conduza seu Partido Bharatiya Janata à vitória e garanta assim seu terceiro mandato.
Mas que relevância as eleições na Índia têm para a Europa?
Em primeiro lugar, trata-se de um país cuja velocidade de crescimento já o colocou na posição de 5ª. maior economia do planeta, atrás apenas de Estados Unidos, China, Alemanha e Japão, nessa ordem. O Produto Interno Bruto da Índia cresceu 7,2% em 2022 e 8,4% em 2023, enquanto na União Europeia o crescimento nesses mesmos períodos foi de 3,4% e 0,4% respectivamente.
Se confirmada a recondução de Narendra Moi ao comando, será mantido o fôlego do movimento de expansão da economia da Índia mundo afora. E a Europa continuará um pilar importante nesse cenário.
Os números relativos aos negócios entre UE e Índia são expressivos.
O comércio de mercadorias entre os dois players aumentou cerca de 30% na última década. Hoje o bloco é o terceiro maior parceiro comercial de Nova Delhi, com mais de 88 bilhões de euros em produtos negociados por ano.
Além disso, os negócios bilaterais na área de serviços superam os 30 bilhões de euros anuais.
Mais: a participação da UE no volume de investimento estrangeiro na Índia superou os 87,3 bilhões de euros em 2020, último dado disponível. Isso tornou a região um dos principais investidores estrangeiros no país (embora significativo, os investimentos são pouco maiores do que 1/3 do que companhias europeias têm investido no Brasil).
Cerca de 6.000 empresas do continente europeu estão presentes na Índia e estima-se que eles proporcionem 1,7 milhão de empregos diretos e outros 5 milhões de empregos indiretos.
Avanço pelas franjas da UE
Há poucas semanas a Índia assinou, depois de 15 anos de negociações, um acordo comercial com Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein (que não são membros da União Europeia). O documento prevê isenção tarifária total ou parcial de produtos industriais importados dos quatro países, tendo como contrapartida o compromisso de investimentos superiores a 90 bilhões de euros ao longo de 15 anos.
Ao mesmo tempo outro acordo comercial está sendo discutido com o Reino Unido.
Toda essa movimentação do governo de Nova Delhi mostra uma clara estratégia de ampliar o território de negócios com o continente europeu, pilar importante para manter altas taxas de crescimento do país e aumentar de sua relevância no cenário global. As previsões são de que a Índia crescerá mais 6,4% em 2024.