População finlandesa pode começar a encolher já em 2031

Em novo cálculo, agência de estatísticas do país antecipou em quatro anos sua previsão para o início da queda populacional - e isso é um enorme problema

03 de outubro de 2019 3 minutos
Europeanway

A queda da natalidade criou um enorme impasse na Finlândia, com economistas, demógrafos, políticos, empresários e outros especialistas acentuando o debate sobre como o país pode fazer frente a esse quadro. E se a questão já era preocupante, um novo elemento acentuou a urgência: caso nenhuma mudança ocorra, a população do país deve começar a encolher já em 2031, ou quatro anos antes da previsão anterior.

O novo cálculo foi revelado nesta semana pelo Tilastokeskus, o instituto que apura as estatísticas oficiais do país. No fim do ano passado, em uma revisão similar, a agência já havia antecipado em três anos sua previsão para o início do encolhimento. Na ocasião, os cálculos mostravam que a retração começaria em 2035.

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A taxa de natalidade na Finlândia caiu nos últimos nove anos de forma consecutiva. Segundo o instituto, se a taxa permanecer no nível atual, nenhuma região da Finlândia terá mais nascimentos do que mortes em apenas 15 anos. Com isso, em 2050, o país teria cerca de 100 mil indivíduos a menos do que hoje – sua população atual é de cerca de 5,5 milhões de pessoas. As projeções para queda do número de habitantes só não são ainda mais alarmantes porque a chegada de imigrantes ajuda a contrabalançar um pouco o cenário.

“Eu estava preocupado que a nova projeção fosse vir ruim, mas ela acabou sendo ainda mais assustadora", disse o pesquisador Timo Aro à emissora pública YLE TV1. "Os números que mostram como será nosso futuro são muito mais sombrios do que ousávamos prever."

O baixo número de nascimentos, que ameaça a reposição populacional, é um teste para a força do sistema de bem-estar social adotado pelo país. Esse modelo prevê alta carga tributária, mas com oferta ampla e de bom nível de serviços públicos. Para que o sistema funcione, é preciso que haja pessoas trabalhando – e pagando impostos – para bancar os serviços para todos, incluindo crianças e aposentados.

E aqui o problema aparece de maneira até didática: a população economicamente ativa da Finlândia atingiu seu ápice em 2009, quando chegou a 3,55 milhões milhões de pessoas. Entre 2010 e 2018, esse número foi reduzido em 122 mil indivíduos – e isso mesmo com a população geral ainda em crescimento. Nas próximas duas décadas, a população economicamente ativa deverá seguir caindo, mas em um ritmo mais lento. Segundo o Tilastokeskus, serão 111 mil indivíduos a menos até 2040.

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