Em menos de 24 horas, três líderes políticos da União Europeia vocalizaram suas preocupações com o que veem como interferências do bilionário sul-africano Elon Musk nos assuntos públicos do continente. No dia 05 de janeiro, em uma entrevista para a revista alemã Stern, o chanceler alemão Olaf Scholz criticou as declarações recentes de Musk, que tem defendido abertamente em suas redes sociais o voto no partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), além de ter publicado um artigo crítico ao governo alemão no jornal Welt am Sonntag.
“Como sociais-democratas, estamos acostumados com a ideia de que donos de grandes grupos de mídia não apreciam as políticas sociais, e não escondem o fato”, disse o chanceler. “Eu não acredito em cortejar favores de Musk. Deixo isso para os outros”.
No dia seguinte, fizeram coro ao líder do governo alemão o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Stoere, e o presidente da França, Emmanuel Macron. Stoere, em entrevista a rádio pública NRK, declarou-se preocupado com o envolvimento tão direto de um estrangeiro nos assuntos internos de países europeus. “Não é assim que as coisas deveriam ser entre democracias aliadas”, disse, complementando que os políticos Noruegueses deveriam manter distância de Musk caso ele resolva se envolver nas eleições norueguesas, que acontecem em setembro.
Já Macron sinalizou sentimento semelhante em discurso para o corpo diplomático francês. “Há dez anos, quem imaginaria que o dono de uma das maiores redes sociais do mundo estaria apoiando um novo movimento reacionário internacional e intervindo diretamente em eleições, inclusive na Alemanha”, disse o presidente francês.
Mas as confusões de Musk não ficaram restritas ao bloco europeu. No Reino Unido, o empresário conseguiu se indispor ao mesmo tempo com o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer e com o líder do partido de oposição Reform UK, Nigel Farage.
Musk condicionou uma doação expressiva de dinheiro ao Reform UK à saída de Farage da liderança do partido, alegando que o político “não tem o necessário” para liderar a oposição ao partido trabalhista – isso dias depois de Farage ter se referido a Musk como “um amigo” em uma entrevista para a BBC.
Já a briga com Keir Starmer é mais complicada: Musk acusou Starmer te ser leniente com estupradores de crianças, referindo-se a uma gangue criminosos sexuais que atuou na Grã-Bretanha em 2013, período em que Starmer era Procurador-geral do Reino Unido. Na segunda-feira, Starmer declarou, sem citar Musk pelo nome, que “aqueles que espalham mentiras e desinformação não estão interessados nas vítimas, mas em si próprios”.
Musk, que será um dos principais conselheiros do futuro presidente americano, Donald Trump, tem se envolvido cada vez mais com questões políticas, dentro e fora dos Estados Unidos. Nos próximos dias, o bilionário receberá em uma transmissão ao vivo, na rede social X, a líder do partido anti-imigração alemão AfD, Alice Weidel, em um encontro que com certeza causará mais reações da comunidade política da Europa.