Parlamento sueco define primeiro-ministro após quatro meses "sem governo". Como é possível?

Membros do Riksdag confirmaram Stefan Löfven para o cargo depois de impasse político iniciado em setembro

18 de janeiro de 2019 3 minutos
Europeanway

O Riksdag, o parlamento da Suécia, confirmou nesta sexta-feira que Stefan Löfven, primeiro-ministro do país desde 2014, seguirá no cargo para um novo mandato de quatro anos. A eleição encerrou um intervalo de quatro meses de impasse político que, segundo a convenção local, deixou o país "sem governo" nesse período. Mas como é possível o país seguir funcional estando "sem governo"?

Primeiro, é preciso entender como é o sistema que define o chefe de governo sueco. Em setembro, o país realizou suas eleições gerais, que estabeleceram a nova configuração do Riksdag. Nela, nem os Moderados, de centro-direita, nem os Sociais-Democratas, de centro-esquerda, que têm dominado a política sueca há décadas, garantiram maioria absoluta.

 

Sem essa maioria, nenhum dos blocos conseguiria formar um novo governo – no sistema sueco, os dois principais partidos unem-se com legendas menores de seus respectivos lados do espectro político para criar os “blocos” que, na prática, farão parte do futuro governo.

A coalizão tornou-se particularmente difícil porque nenhum dos dois partidos majoritários queria aliança com o Democratas Suecos, que ficou em terceiro lugar na eleição. A legenda, de extrema-direita, tem uma forte agenda anti-imigração e supremacistas brancos entre seus integrantes.

Assim, um eventual futuro primeiro-ministro teria que formar uma coalizão com base no apoio de partidos que dificilmente assegurariam maioria. Em sua primeira tentativa de ser reconduzido ao cargo para formar um governo, no dia 25 de setembro, Löfven teve seu nome rejeitado pelo Parlamento.

Por isso é que os suecos dizem que o país ficou "sem governo". Na prática, Stefan Löfven seguiu como primeiro-ministro, mas em um mandato-tampão, que se estenderia apenas enquanto o impasse entre os parlamentares persistisse.

Löfven foi rejeitado mais uma vez em dezembro, mas foi aprovado nesta sexta, na terceira tentativa. Sua aliança será com o Partido Verde, mais alinhado com a ideia dos Sociais-Democratas de uma convergência para o centro do espectro político. O Partido de Esquerda, que fez parte do governo anterior, decidiu declarar independência e não integrar o segundo mandato de Löfven, mas concordou em aprovar sua eleição para evitar qualquer influência dos Democratas no novo governo.

Aos 61 anos, Löfven terá uma das maiorias mais apertadas do Parlamento sueco nos últimos 70 anos. Somados, Sociais-Democratas e Verdes têm apenas 116 (ou 32,7%) dos 349 assentos do Riksdag. A posse do primeiro-ministro para seu segundo mandato está prevista para segunda-feira.

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