Para preservar espécies, Noruega fará seu primeiro "censo de insetos"

Autoridades anunciaram a iniciativa dias depois da publicação da pesquisa que revelou o risco de total extinção dos insetos no planeta em apenas 100 anos

26 de fevereiro de 2019 3 minutos
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Em um esforço pela preservação das espécies, a Noruega decidiu fazer um "censo de insetos", o primeiro mapeamento do gênero de amplo alcance realizado no país. O trabalho, que será lançado como um projeto-piloto, começará na primavera do hemisfério norte, entre março e junho.

Segundo o jornal Aftenposten, o levantamento, encomendado pela Agência Ambiental Norueguesa, será feito pelo Instituto Norueguês para a Pesquisa da Natureza (NINA, na sigla em norueguês). Na primeira etapa do trabalho, antes da efetiva contagem, o instituto vai apresentar o melhor método possível para o mapeamento dos insetos.

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Hoje, pesquisadores e o Banco de Dados de Biodiversidade da Noruega trabalham com uma lista que registra a existência de 17 mil espécies de insetos no país. Segundo os dados correntes, cerca de mil espécies estão ameaçadas de extinção, como informa o jornal Norway Today. "Não sabemos o suficiente sobre a condição geral dos insetos na Noruega. É por isso que vamos fazer uma pesquisa mais abrangente", disse o ministro do Clima e Meio Ambiente, Ola Elvestuen.

A iniciativa norueguesa foi anunciada dias depois de um relatório revelar o grande risco vivido pelos insetos em todo o mundo. Segundo o estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Sydney e da Academia Chinesa de Ciências Agrárias (CAAS) e publicado na revista Biological Conservation, se o ritmo atual de redução da população de insetos se mantiver, eles simplesmente deixarão de existir em apenas 100 anos é mais acelerado do que parece: se a mesma taxa permanecer por um século, não restará uma única espécie de inseto daqui a meros 100 anos.

Uma eventual extinção dos insetos pode causar um "colapso catastrófico dos ecossistemas da natureza”, segundo os responsáveis pelo estudo, que analisaram 73 pesquisas de longo prazo sobre o declínio de insetos ao redor do mundo. "Os três principais problemas que o mundo enfrenta hoje são o aquecimento global, o plástico no mar e a perda de biodiversidade", disse Elvestuen ao Aftenposten. "Mas, claramente, a tendência pode ser revertida. Nós não temos escolha."

É comum enxergar os insetos como pragas, mas seu desaparecimento causaria danos gigantescos à humanidade: afinal, além de serem os principais polinizadores da natureza, eles ajudam a fertilizar o solo e mantêm sob controle a população de algumas pragas. Apesar de subvalorizados em seu papel na cadeia alimentar, eles são a única fonte de alimento para muitos anfíbios, répteis, aves e mamíferos. 

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