Os primeiros números dos planos nórdicos para limitar demissões

01 de abril de 2020 3 minutos
estátua coronavírus Helsinque emprego países nórdicos

As economias de países grandes e pequenos, ricos e pobres serão fortemente afetadas pela crise da covid-19. Mas haverá diferença no tamanho da retração econômica, no nível de desemprego e na velocidade da retomada. Essa diferença terá relação direta não com o tamanho dos países, mas com ações que estão sendo tomadas desde já. E, a julgar pelos primeiros dados sobre emprego, os países nórdicos parecem estar conseguindo limitar o volume de demissões nas empresas motivadas pela pandemia.

Até a última segunda-feira, a pandemia havia afetado 735 mil postos de trabalho na região, segundo um levantamento feito pela agência Bloomberg com base em dados oficiais e também em informações dadas por empresas. Em uma região com 27 milhões de habitantes, o número é elevadíssimo. Mas, desse total, as demissões foram muito menos numerosas: elas somaram 105 mil, ou do total 14%.

Como o Scandinavian Way registrou no último dia 26/3, em maior ou menor grau, todos os países da região adotaram medidas para tentar limitar as demissões no setor privado. Em linhas gerais, os governos ofereceram a alternativa de bancar parte dos salários dos trabalhadores, desde que as empresas assegurassem que as pessoas não seriam demitidas.

Assim, dos 735 mil trabalhadores dos países nórdicos afetados pela crise do coronavírus, 630 mil foram colocados no regime de demissão (ou licença) temporária do emprego. Esse tem sido o instrumento usado pelos governos para limitar ao máximo o fim do vínculo empregatício entre empresas e funcionários.

Os mais afetados

Até o momento, na Escandinávia, o mercado de trabalho mais afetado é o da Noruega. Ao todo, o país registrou 308 mil pedidos de seguro-desemprego desde o início da pandemia. Mas, entre esses trabalhadores, os que foram efetivamente demitidos somam 29 mil, ou 9,4% do total. Os outros 279 mil estão em regime de demissão temporária.

A proporção de pessoas demitidas é ainda menor na Finlândia, segundo país com maior número de desligamentos. Lá, dos 285,9 mil empregos afetados pela crise, 281 mil entraram no regime de afastamento temporário. As demissões propriamente ditas somam 4,9 mil, ou apenas 1,7% do total.

Isso não significa que o problema dos países da região não seja enorme. Afinal, se a crise se estender por muito tempo, os desligamentos temporários podem se transformar em permanentes. “É de se imaginar que os números elevados que já estamos vendo aumentarão dramaticamente se a economia não começar sua retomada em um intervalo de tempo relativamente curto”, disse à Bloomberg Helge Pedersen, economista-chefe do Nordea Bank, em Copenhague. Mas, até lá, os trabalhadores desligados seguirão com renda para sustentar a família e com emprego assegurado para quando a crise começar a se dissipar.

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