Após meses de restrições para a entrada de estrangeiros, impostas como parte das medidas de contenção da covid-19, nesta segunda-feira (15/6), Dinamarca, Finlândia e Noruega começaram a reabrir suas fronteiras. Nos três vizinhos nórdicos, a reabertura pós-chegada do coronavírus, que será parcial, incluirá apenas alguns países próximos – e a Suécia não está na lista de nenhum dos três.
Ao contrário de dinamarqueses, finlandeses e noruegueses, que adotaram fortes restrições de convivência social para a luta contra a pandemia, os suecos fizeram outra escolha. Em linhas gerais, a estratégia da Suécia baseou-se na responsabilidade individual e nos altos índices de confiança que os cidadãos suecos têm entre si e também nas instituições locais (o Scandinavian Way apresentou a abordagem sueca aqui). As autoridades do país têm dito que é cedo para concluir se a estratégia foi ou não bem-sucedida, mas, sem juízo de valor, o fato é que a curva de disseminação da covid-19 no país ainda está subindo – e a dos vizinhos, caindo. Além disso, a taxa de letalidade da doença entre os suecos, de mais de 9%, está acima da mundial e também da dos demais países da Escandinávia (veja os dados no fim do texto).
Na última quinta-feira, a Finlândia decidiu que, a partir desta segunda, estaria reaberta para Noruega, Dinamarca e Islândia, além de Estônia, Letônia e Lituânia. As restrições para outros países serão mantidas até o dia 14 de julho, embora possam ser revistas até lá). O governo diz que viagens sem restrições com a Suécia serão permitidas “assim que a situação epidemiológica permitir”.
A Dinamarca reabriu suas fronteiras com Alemanha, Noruega e Islândia; para as demais nações, elas seguirão fechadas até 1° de setembro. No momento, a Dinamarca só permite a entrada de suecos que trabalham no país, que têm uma casa de verão em seu território ou que estão em um relacionamento com um cidadão dinamarquês.
A Noruega suspendeu as restrições de viagem com outras regiões nórdicas com base em taxas de infecção. Com isso, apenas a Gotlândia – a maior ilha da Suécia, onde vivem menos de 60 mil pessoas – se encaixa nos critérios estabelecidos pelos noruegueses. “Sei que isso é uma grande decepção, mas as restrições são baseadas em critérios objetivos iguais para todos”, disse a primeira-ministra norueguesa Erna Solberg. “Se abrirmos com muita rapidez, a doença pode ficar fora de controle.”
Futuro das relações nórdicas
A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, disse à imprensa local que estava “genuinamente preocupada” com o futuro das relações entre os nórdicos após o surgimento do coronavírus. “Existe uma cooperação tão estreita entre esses países em empregos, comércio e até mesmo entre cidades vizinhas”, registra o site Euronews. “Mas, agora, se você olhar um mapa com a Suécia no centro, terá a Noruega, a Dinamarca e a Finlândia ao seu redor dizendo: ‘não venha aqui’.”
Entre os nórdicos, apenas a Islândia voltou a permitir a entrada de suecos. Também nesta segunda, no primeiro passo de sua reabertura ao mundo, os islandeses suspenderam as restrições de viagens aos integrantes do espaço Schengen, grupo de 26 países europeus que aboliram os controles de fronteira entre si.
Abaixo, os número do coronavírus em cada um dos países nórdicos até esta segunda-feira – e, para um paralelo, também os do Brasil e o total global.
DINAMARCA
Casos: 12.147
Mortes: 598
Taxa de letalidade: 4,8%
Mortes por milhão de habitantes: 103,0
FINLÂNDIA
Casos: 7.108
Mortes: 326
Taxa de letalidade: 4,6%
Mortes por milhão de habitantes: 58,8
ISLÂNDIA
Casos: 1.810
Mortes: 10
Taxa de letalidade: 0,5%
Mortes por milhão de habitantes: 29,3
NORUEGA
Casos: 8.647
Mortes: 242
Taxa de letalidade: 2,8%
Mortes por milhão de habitantes: 44,6
SUÉCIA
Casos: 52.383
Mortes: 4.891
Taxa de letalidade: 9,3%
Mortes por milhão de habitantes: 482,6
BRASIL
Casos: 888.271
Mortes: 43.959
Taxa de letalidade: 4,9%
Mortes por milhão de habitantes: 203,8
MUNDO
Casos: 8.014.554
Mortes: 436.306
Taxa de letalidade: 5,4
Mortes por milhão de habitantes: 55,5
Fontes: Johns Hopkins University e Our World in Data/Oxford Martin School