O sobrepeso e a obesidade atingiram proporções pandêmicas na Europa, especialmente na fase da infância, apontou o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com os dados, 1 em cada 3 crianças em idade escolar vive com sobrepeso ou obesidade, taxa que vem aumentando em muitos países. Mais: a previsão é de que nenhum país da Europa conseguirá atingir as metas de redução desse índice propostas para os próximos anos. “Na Europa e na Ásia Central, nenhum país conseguirá atingir a meta global da OMS para deter o aumento da obesidade até 2025”, disse o Dr. Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.
Em termos gerais, 29% das crianças de 7 a 9 anos do continente vivem com sobrepeso ou obesidade. A prevalência maior é entre os meninos (31%) do que entre as meninas (28%). Dados mostram que na faixa etária abaixo, até os 5 anos de idade, 7,9% de todas as crianças (4,4 milhões) na região sofrem com o sobrepeso ou obesidade. Na adolescência, a prevalência da obesidade desce para 25%, mas as taxas já foram muita mais baixas: entre 1975 e 2016, os números do excesso de peso e da obesidade triplicaram entre os rapazes com até 19 anos de idade e mais do que duplicaram entre as meninas da mesma idade, aponta a OMS.
O relatório aponta ainda que alguns fatores das sociedades altamente digitalizadas como as da Europa moderna também são impulsionadores da obesidade infantil. A referência não se baseia apenas no marketing digital de produtos alimentícios não saudáveis para crianças, mas principalmente na proliferação de jogos online sedentários.
Mais de um em cada três adultos não atende às diretrizes de atividade física da OMS e quase metade (45%) relata que nunca se exercita ou pratica esportes na Europa. A informação faz parte do estudo recém divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os dados são igualmente graves com os mais jovens, especialmente as meninas: menos de 20% dos meninos e apenas 10% das meninas atingem o nível de atividade física recomendado pela OMS para adolescentes.
Números alarmantes em todas as faixas etárias
Além do levantamento específico para obesidade infantil, o último relatório geral da obesidade na Europa (2022) indica que, na média, 59% dos adultos têm excesso de peso ou obesidade. É a região com um dos maiores índices, perdendo apenas para as Américas.
Nos adultos, a obesidade aumentou 138% entre 1975 e 2016. Só entre 2006 e 2016, o aumento foi de 21%. Os índices são mais alarmantes entre os homens (63%, chegando a 70% em alguns países) do que entre as mulheres (54%). Estima-se que os problemas de saúde relacionados ao sobrepeso causem mais de um milhão de mortes anualmente, o equivalente a mais de 13% da taxa de mortalidade na Europa.
Segundo o relatório da OMS, as pessoas naquelas condições foram ainda mais afetadas pelas consequências da pandemia da Covid-19. Houve mudanças desfavoráveis no consumo de alimentos e nos padrões de atividade física que exigirão esforços significativos para serem revertidas. Além disso, como a obesidade era considerada um fator de risco adicional na pandemia, ficar em casa foi opçãp fortemente adotada, abrindo espaço para ainda maior uso de aplicativos de entrega de alimentos com alto teor de sal, gordura e açúcar.
Impacto econômico e sedentarismo
O Impacto econômico representado por esse cenário de saúde pública ultrapassará US$ 4 trilhões até 2035, o equivalente a quase 3% do PIB global, de acordo com recente publicação da Federação Mundial da Obesidade, o World Obesity Atlas 2023. Pela estimativa da entidade, a maioria da população global (51%, ou mais de 4 bilhões de pessoas) viverá com sobrepeso ou obesidade nos próximos 12 anos. Destas, quase 2 bilhões serão obesas. A obesidade infantil (que avança mais rápido do que nos adultos) irá mais que dobrar até 2035 na comparação com dados de 2020, principalmente entre as meninas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana seriam capazes de evitar mais de 10 mil mortes por ano nas faixas etárias de 30 a 70 anos. O sedentarismo pode levar a doenças cardíacas, obesidade, diabetes e outras doenças não transmissíveis. Além disso, um novo relatório da OMS, com dados sobre atividades físicas e sedentarismo de 194 países, indica que até 2030 cerca de 500 milhões de pessoas desenvolverão doenças cardíacas, obesidade, diabetes ou outras doenças não transmissíveis devido à inatividade.