O recrudescimento da pandemia em várias partes do mundo assusta. Embora não esteja em um patamar tão crítico como o Brasil, nações europeias estão, desde dezembro, adotando medidas mais restritivas de circulação, esperando o avanço da vacinação. Nas últimas semanas, muitas regiões do continente ampliaram o prazo de quarentenas e isolamentos. Mas, em um país em especial, os bares estão abertos, as escolas seguem com os alunos presenciais e os turistas são bem-vindos: a Islândia.
Muitos podem argumentar que o sucesso do país é ser uma ilha pequena, com cerca de 360 mil habitantes. Mas como o país não se isolou, ao contrário do que fez a Nova Zelândia, isso não foi preponderante. Ao contrário: o país incentivou que estrangeiros escolhessem a “Terra do Fogo e do Gelo” como recanto para quarentena, ampliando o acesso com outros países, e os riscos. Mas até agora foram registrados apenas seis mil casos e 29 mortes.
O segredo? Para a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, foi o entendimento da importância da atuação conjunta em prol da sociedade.
“As pessoas estão realmente respeitando as regras”, disse ela em uma entrevista semana passada à CBS. “O que realmente se destaca na pandemia é como o público islandês tem participado, como as pessoas realmente depositam sua confiança nos conselhos dos especialistas e dos cientistas, as pessoas realmente mudaram seu comportamento”.
Muitos outros países impuseram restrições nacionais estritas para controlar a propagação do novo coronavírus, mas a Islândia não recorreu a tais medidas extremas. Em vez disso, ele se concentrou em um sistema rigoroso de teste, rastreamento, quarentena e isolamento – e confiou nos visitantes e residentes para obedecê-lo. Uma comunicação direta, transparente e pactos sociais completam o quadro.
Para não ficar ainda mais isolada, a Islândia adotou regras simples: todo visitante ou cidadão que retorna ao país precisa apresentar testes PCR negativos na chegada, fazer o teste no aeroporto e novamente após cinco dias em quarentena. “Noventa e oito por cento das pessoas comparecem ao segundo teste”, disse Jakobsdóttir. “E eu acho que este é um resultado incrível.”
A testagem em massa, junto com um conhecimento epidemiológico único no mundo – foi feita a investigação por DNA de todos os casos do país, em um monitoramento sobre cepas sem igual – e o entendimento de que o isolamento em casos de doença ou de suspeita devem ser seguidos à risca foi algo que fez a diferença.
A visão de sociedade também impactou e, com transparência, o governo conseguiu firmar pactos. Um deles foi manter as escolas abertas para todos com menos de 16 anos desde agosto, entendendo que isso seria importante para as crianças e para os pais. Para isso, toda a sociedade se comprometeu a seguir rígidos parâmetros de higiene e de troca de informações.
Com base nos bons resultados até agora, a Islândia, ao contrário da maior parte dos países europeus, pretende ampliar a abertura. O objetivo é claro: com envolvimento das pessoas menos mortes ocorreram, as medidas foram menos duras e a volta ao normal tende a ser mais rápida