O desastre de Mariana, que tirou 19 vidas e causou danos ambientais e econômicos devastadores, desencadeou uma das maiores ações coletivas ambientais da história britânica. Um processo movido no Reino Unido contra a mineradora anglo-australiana BHP busca uma indenização de £36 bilhões, representando cerca de 620 mil demandantes, entre indivíduos, empresas, comunidades indígenas e quilombolas. Essa ação foi possível porque a sede da BHP estava no Reino Unido no momento do rompimento da barragem em 2015.
Caso a BHP perca a ação, uma segunda fase do processo será necessária para definir quais pessoas serão indenizadas e os valores a serem pagos. Enquanto isso, tanto a BHP quanto a Vale, que também está envolvida, argumentam que a ação britânica é desnecessária, pois alegam que as questões levantadas já estão sendo tratadas pela Fundação Renova e outros processos em andamento no Brasil.
A Fundação Renova, criada pelas mineradoras após o desastre, afirma que já pagou mais de R$ 57 bilhões em compensações a diferentes partes afetadas. As empresas reafirmam seu compromisso com a reparação dos danos e recentemente fizeram uma oferta ao governo brasileiro para pagar mais de R$ 170 bilhões em indenizações adicionais, com a possibilidade de assinatura do acordo nos próximos dias. Além disso, a Samarco, outra empresa ligada ao desastre, informa que já compensou as famílias de 18 das 19 vítimas fatais e mantém contato com a última família envolvida.
Apesar dessas iniciativas, os advogados que representam os demandantes no Reino Unido argumentam que a justiça britânica oferece uma via alternativa e mais eficiente para responsabilizar as multinacionais. Desde 2018, o escritório de advocacia Pogust Goodhead tenta levar a BHP aos tribunais de Londres, onde a mineradora é listada na bolsa de valores. Se os demandantes vencerem, a indenização coletiva poderá ultrapassar R$ 260 bilhões, o que representaria um dos maiores pagamentos da história por danos ambientais.
Por fim, a diretora de assuntos corporativos da BHP Brasil, Fernanda Lavarello, reforçou que a empresa lamenta profundamente a tragédia e está empenhada em reparar os danos ambientais e sociais. Ela reconheceu que alguns processos têm demorado mais do que o esperado, mas assegurou que a mineradora continua trabalhando para reconstruir vidas e comunidades afetadas.