O que faz a força das escandinavas no futebol? Mais que dinheiro, oportunidade

Suécia e Noruega, que ficaram entre as oito melhores equipes da Copa do Mundo disputada na França, têm duas das mais antigas ligas femininas do planeta

01 de julho de 2019 4 minutos
Europeanway

Das oito melhores seleções que disputam a Copa do Mundo de Futebol Feminino na França, duas são escandinavas. Na última semana, a Noruega foi eliminada nas quartas-de-final pela Inglaterra ao perder por 3 a 0, o que não diminui a importância de sua campanha: trata-se, afinal, de um retorno das campeãs mundiais de 1995 ao grupo das melhores equipes do mundo, com seu melhor desempenho desde 2007, quando elas ficaram na quarta posição. E as suecas, que nesta quarta-feira brigarão por uma vaga na final com as holandesas, disputarão as semifinais pela quarta vez em oito edições da competição.

Independentemente da classificação final da Copa do Mundo, a Escandinávia, com Noruega e Suécia à frente, reafirmou no torneio seu protagonismo no futebol feminino. E o que faz a força dos países da região na modalidade? Mais que dinheiro, o que as colocou entre as melhores do planeta é o fato de, lá, as oportunidades terem vindo muito antes que em outros lugares. 

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A Escandinávia tem algumas das ligas de futebol feminino mais longevas do mundo. A longevidade e a estabilidade das ligas sueca e norueguesa é que permitiu o surgimento dos talentos locais. E, como tinham (e têm) campeonatos fortes para disputar, as atletas ganham projeção mesmo sem integrar as equipes mais poderosas da Europa.

Na Suécia, as mulheres disputaram seu primeiro campeonato nacional em 1973. Quinze anos depois, em 1988, foi criada a Damallsvenskan, a liga feminina. Na Noruega, as ligas regionais surgiram em 1977. Elas deram origem à Toppserien, a liga nacional, criada em 1984.

A Suécia foi um dos primeiros países a ter uma seleção feminina de futebol. Como relembra o site The Local, a primeira equipe nacional foi montada ainda nos anos 60, em uma época em que ter uma seleção feminina era completamente fora do comum.

E a seleção sueca mostrou sua força logo em seu primeiro grande teste internacional. Em 1984, a equipe conquistou a primeira edição da Eurocopa Feminina. A final, contra a Inglaterra, terminou empatada, mas as suecas levaram o troféu ao vencerem nos pênaltis por 4 a 3.

Infelizmente, essa também foi a última grande vitória da Suécia no futebol feminino. As duas vezes em que a equipe chegou perto de outra vitória importante foram a Copa do Mundo de 2003 e os Jogos Olímpicos de 2016, mas a seleção acabou perdendo a final para a Alemanha em ambas as decisões. 

As norueguesas, por sua vez, chegaram às semifinais em quatro das cinco primeiras edições da Copa do Mundo Feminina. A maior parte do elenco que disputou a Copa da França ainda joga em clubes noruegueses, que têm poder financeiro muito menor que o das ricas equipes inglesas, por exemplo, ou do que a francesa Lyon, vencedora das quatro últimas edição da Liga das Campeãs da Europa, a principal competição de clubes do continente.

"Quando há dinheiro, outras ligas podem dominar", diz o técnico da seleção norueguesa, Martin Sjögren. "Os países escandinavos começaram cedo com o futebol feminino, o que significa que temos uma história (…) mas nações maiores começaram a investir." Sjögren faz a constatação sem lamentar, e sim para reafirmar a força das equipes da região. "Mostramos que os países escandinavos podem voltar a brigar (por títulos) novamente."

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