O ano de 2024 é um momento crucial para a Europa. Além de diversas eleições locais em países do continente, como Finlândia, Portugal e Reino Unido, também estão previstas as eleições para a renovação do Parlamento Europeu, que ocorrem entre 06 e 09 de junho.

Nas últimas eleições, realizadas em 2019, a ativista sueca Greta Thunberg fez um apelo histórico para que o Parlamento Europeu levasse em conta as reinvindicações de quem ainda não podia votar por causa da idade. Passados cinco anos, a Europa assistirá agora ao impacto causado por uma nova geração de eleitores que irão depositar seus votos pela primeira vez.

Estima-se que o número de jovens que devem votar na Europa este ano seja de cerca de 400 milhões de pessoas, muitas delas pela primeira vez. Mas, afinal, o que esses jovens mais querem dos políticos eleitos?

Em primeiro lugar, estamos falando de um grupo de pessoas que, em sua maioria, já nasceram e foram criados dentro de uma Europa unida. Porém, também foram diretamente impactados por uma série de crises econômicas recentes, como na Grécia, Itália e Portugal, além dos efeitos devastadores da pandemia do novo coronavírus. A saída recente do Reino Unido da União Europeia também serviu como mais um fator de crise em um bloco até então visto como inabalável.

Isso abriu espaço para a ascensão de grupos de extrema-direita altamente nacionalistas que defendem a fragmentação da União Europeia, projeto este que muitos jovens vêm se identificando. É o caso de partidos como o Jobbik (Hungria), Chega (Portugal) e o Kotleba (Eslovênia). Porém, o mais famoso desses partidos é o Vox, na Espanha, de clara inspiração franquista – em referência ao ditador Francisco Franco que governou o país com uma plataforma política fascista por cerca de 40 anos.

O efeito disso já se reflete em estudos e perspectivas de resultados para as eleições deste ano: um relatório elaborado pelo centro de reflexão política Conselho Europeu de Relações Exteriores aponta que em 2024 a extrema direita pode alcançar o seu maior patamar no Parlamento Europeu desde que o órgão foi criado em 1979.

Além da ascensão de grupos ultranacionalistas que vem ganhando espaço entre jovens, outras pautas também chamam a atenção deste público. O portal Euronews ouviu alguns eleitores pertencentes ao Parlamento Europeu dos Jovens, organização reconhecida e financiada pela União Europeia que tem o objetivo de aumentar o envolvimento político das novas gerações no continente. Para eles, os pontos mais importantes na hora de escolher o candidato são: combate ao aquecimento global, igualdade e segurança, principalmente diante da ameaça russa após a invasão da Ucrânia em 2022.

Chama atenção, porém, que apesar do alto número de eleitores inscritos, o número de pessoas que votam para o Parlamento Europeu ainda é considerado baixo. Com isso, muitos líderes europeus esperam que a reta final da campanha eleitoral conte com o apoio de estrelas da música jovem internacional, como Taylor Swift e Rosalía, para atrair o maior número possível de jovens.

Para entender o futuro político da Europa é importante estar de olho nas tendências de votos dos jovens. Levantamento do Centro de Pesquisa Pew aponta que os hábitos políticos raramente mudam ao longo da vida. Ou seja, as preferências dos eleitores que votaram pela primeira vez em 2024 podem dar um sinal claro do futuro da União Europeia nas próximas décadas.