O número de imigrantes na Dinamarca deve praticamente dobrar até 2060, segundo a estimativa mais recente do Danmarks Statistik, o instituto responsável pelas estatísticas oficiais do país. O volume atual é de 493.468 pessoas, e a projeção é de que chegue a 867.258 dentro de 42 anos, número que corresponderia a 13,1% do total da população – a proporção atual é de 8,5% – , segundo registraram os jornais Berlingske e Jyllands-Posten, dois dos mais importantes do país.
A depender do segmento da sociedade consultado, essa pode ser uma boa notícia ou uma nem tanto. A Dansk Industri (DI), a confederação das indústrias do país, vê o crescimento do número de imigrantes como positivo. “Há muitos empregos sendo criados, e precisamos de profissionais para ocupar essas vagas, o que faz dessa uma boa hora melhorarmos a integração [dos imigrantes]”, diz Steen Nielsen, vice-presidente da entidade.
De outro lado, Mads Fuglede, porta-voz para assuntos de imigração do partido conservador Venstre, acredita que os números reiteram a necessidade de aumento das restrições para a entrada de estrangeiros no país. “Precisamos assumir o controle do fluxo de pessoas que vêm para a Dinamarca. É claro que é menos problemático quando quem chega vem para trabalhar", diz, em oposição a quem, segundo ele, desembarca no país com pouca disposição de se integrar à vida local e com habilidades que dificilmente seriam aproveitadas pelo mercado de trabalho.
O raciocínio é parecido com o exposto por Mattias Tesfaye, porta-voz para assuntos de imigração e integração do partido de centro-esquerda Socialdemokratiet. Segundo ele, nos últimos dez anos, cerca de 100 mil autorizações de residência foram dadas a refugiados. “Muitas dessas pessoas precisam de ajuda de psiquiatras, dos quais atualmente há escassez. Além disso, essas pessoas são frequentemente trabalhadores não-qualificados”, disse Tesfaye.
Outros especialistas estão preocupados com os impactos que o fenômeno poderá ter sobre o sistema de bem-estar social dinamarquês. Um dos entraves é o fato de muitos imigrantes terem dificuldade de integração com a vida no novo país. “O financiamento do nosso estado de bem-estar social é construído com base na premissa de que uma grande parcela da população esteja empregada”, disse Jan Rose Skaksen, chefe de pesquisa da Fundação Rockwool. “Se eles [imigrantes] não estiverem [empregados], não poderão contribuir, o que vai custar dinheiro na forma de benefícios.”
Hoje, 55% dos imigrantes não-ocidentais do sexo masculino estão empregados. Entre as mulheres, o número é de 46%. Entre os dinamarqueses de nascimento, os números são de 77% e 74%, respectivamente.