No intervalo de menos de um ano, os países escandinavos, que sempre aparecem no topo dos rankings que avaliam a força da democracia no mundo, deram mostras de que qualquer nação democrática não pode abrir mão de um dos pilares desse regime: a alternância de poder. Nesta quarta-feira foi a vez da Dinamarca, que deu a vitória à centro-esquerda nas eleições parlamentares após quatro anos de governo de centro-direita.
Ao se manifestarem nas urnas contra as medidas de austeridade e também contra políticas anti-imigração defendidas por nacionalistas, os dinamarqueses encerraram o governo do primeiro-ministro Lars Lokke Rasmussen e abriram caminho para que a líder social-democrata Mette Frederiksen (foto), de 41 anos, se torne a primeira-ministra mais jovem do país. Seu partido encabeça a coalizão de esquerda, que obteve 96 cadeiras no Parlamento, contra 79 do governista Partido Liberal e outras legendas de direita.
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Este é o terceiro triunfo da centro-esquerda em eleições nacionais realizadas por países escandinavos nos últimos meses. Primeiro, em setembro do ano passado, veio a vitória na Suécia, onde a coalizão liderada pelo primeiro-ministro Stefan Löfven permaneceu no poder. A centro-esquerda governa o país desde 2014, mas depois de oito anos de governo do Partido Moderado, de centro-direita.
A segunda vitória recente da centro-esquerda na região ocorreu em abril, na Finlândia. Entre os finlandeses, o equilíbrio de forças também veio com o crescimento da participação feminina no Parlamento: a proporção de mulheres entre os legisladores, de 46%, é uma das mais altas do mundo, um fenômeno que também ocorre na Islândia (onde a centro-esquerda está no poder desde 2017).
Segundo registra a Agência Brasil, o nacionalista Partido Popular da Dinamarca, que apoiou um governo de minoria de Rasmussen, parece ter perdido a vantagem por causa do apoio da maioria dos grandes partidos a posturas mais firmes em relação à imigração. A legenda perdeu mais da metade de seus eleitores desde as eleições de 2015.
A promessa de Frederiksen de aumentar os gastos com benefícios sociais depois de anos de austeridade, acompanhada de sua postura firme em relação à imigração, foi bem-sucedida. O modelo nórdico sempre foi o padrão ideal para benefícios de seguridade social para muitos políticos de esquerda no mundo. Mas o envelhecimento das populações levaram governos a adotar medidas de redução do Estado de bem-estar social total.
(Foto: Søren Bidstrup)