A decisão do governo brasileiro de rever a gestão do Fundo Amazônia enfrenta a resistência de Noruega e Alemanha, seus dois maiores doadores. O imbróglio começou no último dia 17 de maio, quando o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, informou que se havia decidido pela revisão após terem sido encontrados “indícios de irregularidades”, como a contratação de projetos sem licitação.
Neste fim de semana, a agência Reuters informou que, caso o governo brasileiro decida alterar unilateralmente o modelo de governança do fundo de desenvolvimento sustentável, poderá levar os dois países europeus a suspender as doações ou até mesmo retirar recursos não utilizados. A agência creditou a informação a fontes que pediram anonimato devido à sensibilidade das negociações.
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Em suas críticas, Salles, que é cético quanto às mudanças climáticas, disse haver indícios de irregularidades no uso e na liberação dos recursos para ONGs, solicitando a revisão dos critérios de contratação de entidades a serem beneficiadas pelo Fundo Amazônia. O ministro suspendeu todas as operações do fundo.
A Noruega e a Alemanha reagiram, alegando que estão satisfeitas com a administração feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do fundo e pediram ao ministro que entregasse suas propostas de alterações por escrito. “Até a tarde de quinta-feira, não havíamos recebido nenhuma proposta escrita ou relatório de inspeção por parte do BNDES”, disse à Reuters uma porta-voz da embaixada alemã em Brasília.
Com os noruegueses como seus principais financiadores, o fundo é o maior projeto de cooperação internacional para preservar a floresta amazônica. Em dez anos, ele recebeu R$ 3,1 bilhões em doações — 93,3% desse dinheiro veio da Noruega. O valor, gerido pelo BNDES, é repassado a estados, municípios, universidades e ONGs.