Março encerrou com um novo recorde positivo na Noruega: nenhum assassinato foi registrado nos primeiros três meses do ano. O país nórdico, de 5,4 milhões de habitantes, sempre figura entre os mais seguros do mundo, mas nos últimos anos o país registrava de quatro a oito assassinatos no primeiro trimestre de cada ano – em 2020, foram sete registrados de janeiro a março, de um total de 31 homicídios ao longo de todo o ano. Embora seja uma marca positiva, especialistas afirmam que é cedo para comemorar.
Historicamente, os assassinatos na Noruega estão mais relacionados a crimes passionais que a questões sociais, como tentativas de assaltos, perseguições policiais ou sequestros. Autoridades afirmam ainda que, tradicionalmente, os dias mais violentos do primeiro trimestre na Noruega são os mais próximos do réveillon, ainda por conta de festas e abusos de fim de ano. Mas este ano foi diferente.
Segundo uma reportagem do site norueguês NTB, ainda não se pode cravar os motivos desta calmaria ou ainda se isso é uma tendência. Especialistas ouvidos pelo canal, contudo, tem uma pista: o confinamento para evitar a piora da pandemia do novo coronavírus pode ter ajuda neste cenários. “Pode haver muitos motivos para isso, as restrições da Covid-19 podem ser uma de muitas explicações”, disse Vibeke Schei Syversen do Serviço Nacional de Investigação Criminal, Kripos, ao NTB.
Vibeke Ottesen, pesquisador sobre violência da Universidade de Oslo, afirma que a pandemia pode ter alterado a lógica dos crimes, mas ele afirma que é cedo para comemorar, pois eles podem estar “represados”. Com as medidas de restrição, afirma, muitos casais não se separaram, reduzindo o ritmo da violência doméstica. Porém, com a esperada reabertura, estes casos podem crescer. Ele lembra que grande parte dos assassinatos no país ocorre por feminicídio, quando uma mulher decide pelo divórcio.
“Todo mundo está em casa agora. Enquanto houver a experiência de todos estarem no mesmo barco, as coisas estarão estáveis. É quando a reabertura acontece lentamente e as diferenças aumentadas se tornam aparentes, que os contrastes aparecem. Enquanto alguns voltam ao trabalho, outros perderam seus empregos. Essas são condições que sabemos que podem desencadear assassinatos “, diz Ottesen.
O fato é que a marca é um motivo de orgulho. No começo deste ano, a violência esteve restrita aos filmes, séries e novelas entre os noruegueses.