Na última segunda-feira, os moradores de Nuorgam, a vila mais ao norte do território finlandês, viram o sol nascer às 11h42 – e se esconder no horizonte exatamente 25 minutos depois. Naquele dia, precisamente às 12h07, o local foi o primeiro do país a registrar o início da noite polar, segundo o escritório da Universidade de Helsinque responsável pelo estudo e registro de calendários.
Após seu último entardecer de 2019, os moradores de Nuorgam e de outros pontos no extremo norte da Escandinávia vão ter que esperar 52 dias para sair da escuridão. A próxima alvorada vai ocorrer apenas em 18 de janeiro. Mais ao sul, a 40 quilômetros da vila, fica a cidade de Utsjoki, onde a longa noite de inverno – chamada de "kaamos" em finlandês – começou na quarta-feira.
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O fenômeno da noite polar ocorre no inverno no extremo norte do Círculo Ártico e ao sul do Círculo Antártico. Nesse período, devido à posição da Terra, o sol permanece abaixo do horizonte durante todo o dia. No caso dos países escandinavos que têm partes de seus territórios dentro do Círculo Ártico, quanto mais ao norte, maior o período de escuridão.
Engana-se quem acha que serão quase dois longos meses de trevas. "Em um dia, o céu aparecerá com um azul brilhante, e em outro, com uma cor completamente diferente. As cores mudam diariamente", explica Ellinor Guttorm Utsi, moradora de Hillagurrá, vilarejo norueguês que é vizinho de Nuorgam e onde a noite polar também já começou. "Quem diz que aqui está escuro é porque não deu uma olhada em volta."
Os efeitos da escuridão prolongada são conhecidos dos sistemas de saúde dos países localizados em altas latitudes. A falta de luz solar reduz a produção dos hormônios melatonina e serotonina, o que causa mau humor, perda de interesse em atividades do cotidiano, irritabilidade e falta de energia.
A resposta a esses efeitos está no conceito chamado em norueguês de "koselig", algo como aconchego, em uma tradução livre para o português. Há várias maneiras de esse aconchego se materializar de maneira prática na vida das pessoas. Uma delas é a melhoria do conforto dentro de casa, que ajudou a moldar a escola escandinava de design, elogiada em todo o mundo.
(Foto: Esko Jämsä / AOP)