NFL monitora aviação supersônica para viabilizar expansão

01 de dezembro de 2025 4 minutos
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A National Football League (NFL), principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, estuda uma solução tecnológica para superar o maior obstáculo à criação de equipes permanentes no continente europeu: as longas viagens transatlânticas. Segundo informações divulgadas pelo Wall Street Journal em novembro, a liga acompanha de perto os avanços na aviação supersônica comercial, tecnologia que promete reduzir pela metade o tempo de voo entre Estados Unidos e Europa.

Embora executivos da liga deixem claro que ainda não há planos concretos para estabelecer franquias em solo europeu, a revelação de que a NFL acompanha de perto os avanços na aviação supersônica comercial ganhou destaque após reportagem do Wall Street Journal. O interesse se concentra especificamente no desenvolvimento do Overture, aeronave da startup americana Boom Supersonic, cuja entrada em serviço está prevista para 2029.

O modelo em desenvolvimento promete cruzar o Atlântico em aproximadamente metade do tempo atual, operando a velocidades de Mach 1,7 sobre o oceano. Isso reduziria um voo de oito horas entre Nova York e Londres para cerca de quatro horas, amenizando significativamente os efeitos do jet lag e da fadiga sobre os atletas.

A capacidade limitada das novas aeronaves representa um obstáculo significativo para a viabilidade do projeto. O Overture, ainda em fase de desenvolvimento, comportará entre 60 e 80 passageiros, número insuficiente para transportar o contingente completo de uma franquia da NFL em um único voo. As equipes viajam habitualmente com dezenas de jogadores, comissão técnica, equipe médica e pessoal de apoio.

Além das questões logísticas, a internacionalização de equipes enfrenta barreiras fiscais e regulatórias complexas. Diferentes sistemas tributários, volatilidade cambial e variações na estabilidade política dos mercados potenciais figuram entre as preocupações. Há também o fator humano: a disposição dos jogadores para se afastarem de suas famílias por longas temporadas ou estabelecerem residência fora dos Estados Unidos.

Estratégia de expansão internacional

Enquanto aguarda desenvolvimentos tecnológicos, a NFL tem ampliado sistematicamente sua presença internacional através de jogos pontuais. Em 2025, a liga realizará sete partidas de temporada regular fora dos Estados Unidos, em cidades como Londres, Berlim, Madri, Dublin e São Paulo. O Jacksonville Jaguars, que mantém compromisso de jogar anualmente em Londres, lidera com 12 partidas já realizadas na capital britânica.

A meta declarada pela liga é atingir 16 jogos internacionais por ano, conforme aprovação recente dos proprietários das franquias. Para 2026, já está confirmada a primeira partida em Melbourne, na Austrália, com o Los Angeles Rams como equipe mandante.

O comissário Roger Goodell já manifestou publicamente a possibilidade de criar uma divisão europeia com quatro equipes. O cenário mais provável, segundo analistas do setor, contemplaria duas franquias em Londres e outras duas distribuídas entre Alemanha, Espanha e França, mercados onde a NFL tem investido consistentemente em marketing através de seu Programa de Mercados Globais.

A herança do Concorde e o retorno dos supersônicos

A aviação supersônica comercial esteve ausente dos céus desde 2003, quando o Concorde encerrou suas operações após 27 anos de serviço. Durante sua era, a aeronave franco-britânica permitiu façanhas como a do músico Phil Collins, que se apresentou em Londres e na Filadélfia no mesmo dia durante o Live Aid de 1985.

A Boom Supersonic emerge como principal candidata a reviver essa modalidade de transporte. Seu protótipo XB-1 rompeu a barreira do som seis vezes em testes realizados em janeiro e fevereiro de 2025, tornando-se a primeira aeronave civil de desenvolvimento privado a atingir velocidade supersônica desde o Concorde. A empresa acumula mais de 130 encomendas e pré-encomendas de companhias como United Airlines, American Airlines e Japan Airlines.

Entretanto, especialistas da indústria aeronáutica expressam ceticismo quanto ao cronograma anunciado. A empresa ainda não possui um motor certificado para o Overture e precisa superar obstáculos regulatórios significativos, incluindo a proibição de voos supersônicos sobre território americano, vigente há mais de 50 anos devido ao impacto sonoro. Analistas independentes avaliam que o prazo de 2029 é otimista, projetando uma entrada em serviço mais realista para a década de 2030.

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