O número de mulheres que atuam no sacerdócio da Igreja Luterana Sueca acaba de ultrapassar o de homens. O feito é mais um marco de redução da desigualdade de gênero no país, um dos líderes globais nesses esforços, embora ainda falta uma parte importante desse trabalho: na maior igreja da Suécia, os salários da ala masculina são, na média, maiores que o da feminina.
No fim de julho, havia 1.533 sacerdotisas na Igreja Luterana Sueca, ou seis a mais que o total de homens desempenhando essas funções. Com isso, a maior igreja da Suécia é possivelmente a primeira do mundo a ter maioria feminina no sacerdócio. Os dados são do Conselho Mundial de Igrejas, organização que reúne diferentes denominações protestantes de todo o mundo. Somadas, as integrantes do Conselho têm mais de 500 milhões de fiéis.
As mulheres tornaram-se maioria 62 anos depois de conquistarem o direito de serem pastoras na igreja – a ordenação de mulheres começou em 1958. “De certa maneira, [a maioria de mulheres no sacerdócio] é um espelho da sociedade“, disse, no fim de julho, a pastora Elisabeth Oberg Hansen, em um sermão em uma igreja de Estocolmo. “Aconteceu como deveria.”
Salários e funções
A Igreja Luterana da Suécia tem 5,9 milhões de fiéis, o que representa cerca de 60% da população do país. As pastoras e outras líderes estão hoje em maior número, mas seus salários são R$ 1,4 mil menores que os dos homens, em média. Isso se deve, em parte, ao fato de os homens continuarem sendo maioria nos postos mais graduados. Das 13 dioceses da igreja no país, nove são lideradas por homens e quatro por mulheres.
Mas, se ainda há avanços por conquistar, a maioria feminina no sacerdócio não deixa de ser um novo passo adiante. A Igreja Luterana Sueca separou-se da Igreja Católica em 1536, durante a Reforma Protestante, e só teve uma pastora mais de quatro séculos depois. Além disso, Antje Jackelén, a atual arcebispa, assumiu a função em 2014. Ela é a primeira mulher na história a ser a principal líder da maior igreja da Suécia.