Mudanças climáticas beneficiam vinhos escandinavos

Ciro Dias Reis, presidente da Imagem Corporativa 24 de agosto de 2023 3 minutos
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Quando se fala de vinhos do chamado “Velho Mundo” as menções naturais são os produtos franceses, italianos, espanhóis e portugueses, encontrados nos diferentes continentes.

Mas esse cenário pode estar mudando com o aquecimento global. O Reino Unido prevê que sua produção de espumantes dobre ao longo da próxima década. E a produção na Escandinávia também tem boas perspectivas: lá, temperaturas menos frias estão durando mais tempo e novas variedades de uvas adaptadas a esse cenário começam a ganhar força. Dinamarca, Noruega e Suécia, embora em escala muito menor do que os produtores de países tradicionais, apostam que temperaturas mais altas tornarão viável a produção de vinhos em seus domínios. Na verdade, videiras já começam a se tornar mais visíveis nesses países.

Na Suécia, Kullabergs Vingård é uma vinícola na vanguarda dos produtores que buscam redefinir o vinho sueco. Situado na parte sudoeste da Suécia, seu terroir se beneficia do microclima criado pela proximidade do mar do Norte e de um solo onde se encontram elementos diversos e complementares tais como areia, barro e minerais.

Seus vinhedos de 14 hectares foram sendo plantados ao longo dos últimos dez anos. Em 2022, a vinícola atingiu uma produção anual de mais de 30.000 garrafas, principalmente brancos já reconhecidos em premiações internacionais e que podem ser encontrados em restaurantes sofisticados na Europa e até no Japão.

“Onde os vinhedos de países mais tradicionais estão sofrendo, estamos ganhando impulso”, diz Felix Åhrberg, um enólogo de 34 anos que voltou à Suécia em 2017 para liderar a Kullabergs Vingård depois de trabalhar em vinhedos em todo o mundo, ao ser entrevistado pelo portal Euronews Green.

Outra profissional otimista em relação aos vinhos suecos é Emma Berto, jovem enóloga francesa baseada em Thora Vingård, na península de Bjäre, 20 quilômetros ao norte de Kullabergs Vingård. Ela e seu sócio Romain Chichery mudaram-se para a Suécia logo após terminarem seus estudos de viticultura na França, atraídos pela chance de administrar um vinhedo e uma vinícola muito mais cedo em suas carreiras do que conseguiriam no competitivo mercado de seu país de origem.

“Solaris é como a variedade de uva típica aqui da Suécia”, diz Emma, ao destacar a variedade que dá origem ao vinho branco provavelmente mais promissor do país.

As temperaturas no sul da Suécia aumentaram cerca de 2 graus Celsius nos últimos 30 anos em comparação com os 30 anos anteriores, de acordo com dados do Instituto Sueco de Meteorologia e Hidrologia. Isso aumentou o período potencial de crescimento e amadurecimento das uvas em cerca de 20 dias.

A produção na Suécia ainda é muito pouco relevante se comparada a produtores consolidados. O país tira por ano 560 mil litros de vinho, número irrisório em relação aos cerca de 4,5 bilhões de litros que produzem, cada um, Itália e França, que estão sempre no topo do ranking.

Mas segundo o site Statista, embora sua produção seja pequena, os suecos já consomem mais vinho per capita do que alemães e britânicos.

 

Vinhos da Kullabergs Vingård, produtor sueco

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