A Alemanha é conhecida por sua sólida infraestrutura bancária, composta por uma combinação de grandes bancos tradicionais e emergentes bancos digitais. Contudo, é surpreendente constatar que, mesmo após mais de vinte anos da adoção do euro, uma quantidade significativa de cédulas e moedas de marcos alemães permanece guardada ou, até mesmo, perdida.
Esse fenômeno revela a persistência de uma ligação sentimental com a antiga moeda nacional, além de destacar a resistência de parte da população em se desfazer de uma herança monetária que, por tanto tempo, foi símbolo da estabilidade econômica alemã.
Parte desse dinheiro antigo certamente está com colecionadores ou alemães nostálgicos. Outra parte virou souvenir e foi levada para casa por turistas ao longo dos anos. Especialistas afirmam que uma quantia ainda pode estar em poder de países que utilizaram o marco como moeda de reserva. Ninguém sabe ao certo. Embora esses marcos não possam mais ser usados, eles ainda podem ser trocados por euros.
Mas os mais sentimentais que optarem pela troca deverão ter em mente que os marcos que retornarem ao banco central terão as notas fragmentadas, enquanto as moedas são separadas, invalidadas e encaminhadas para a reciclagem de metais.
Qual é a quantia ainda em circulação?
O fato de o marco ter deixado de ser a moeda vigente no início de 2002 parece ter pouca influência para aqueles que ainda conservam algumas unidades. Dos 162,3 bilhões de marcos em circulação naquela época, 7,5% não têm rastro conhecido. Isso inclui mais da metade das moedas em termos de valor.
No final de 2023, havia 12,24 bilhões de marcos ainda “em circulação”. Destes, 5,68 bilhões eram em notas e outros 6,56 bilhões em moedas, totalizando 6,26 bilhões de euros (cerca de R$ 33,4 bilhões).
Isso representa uma quantia significativa de dinheiro ocioso, mesmo para a principal economia da Europa, especialmente num momento em que o governo busca financiamento para projetos de infraestrutura, como a transição para a energia sustentável e a modernização de ferrovias, essenciais para o futuro econômico do país.
Em 2023, mais de 90 mil cidadãos efetuaram a troca, totalizando mais de 53 milhões de marcos por 27 milhões de euros, um ligeiro aumento em relação ao ano anterior – o segundo consecutivo. Do montante trocado, dois terços eram notas e um terço, moedas. A maioria do dinheiro provinha da Baviera, seguida pela Renânia do Norte-Vestfália e Baden-Württemberg.
A taxa de câmbio é fixa: 1 euro para 1,95583 marco. O serviço é gratuito, e não há planos para encerrá-lo. Isso coloca a Alemanha entre os seis países da zona do euro que não estabeleceram uma data limite para a troca de suas antigas moedas nacionais pela moeda única. Os outros países são Áustria, Irlanda, Estônia, Letônia e Lituânia.
Outros países que adotaram o euro foram mais rigorosos ao definirem um prazo para a troca. Na França, os francos podiam ser trocados até 31 de março de 2008. A Grécia foi mais generosa e permitiu que dracmas fossem trocados por euros até março de 2012.