Menos horas trabalhadas com mesmo salário: a experiência de sucesso da Islândia 

07 de julho de 2021 3 minutos
Europeanway

Como será o futuro do trabalho? Para responder esta pergunta, a Islândia fez uma experiência com 2.500 trabalhadores entre os anos de 2015 e 2019, quando fez uma forte redução na jornada desses profissionais. O estudo realizado pela Câmara Municipal de  Reykjavík, capital da Islândia, e pelo governo do país, mostrou aumento da produtividade e a melhora significativa dos indicadores de bem-estar e qualidade de vida. 

Para a pesquisa, o grupo de trabalhadores teve sua jornada de trabalho reduzida de 40 horas semanais para 35 horas ou 36 horas semanais. Dentro dessa proposta, alguns arranjos possibilitaram fins de semana de três dias e outros permitiam a redução do número diário de horas trabalhadas. A Associação para a Democracia e Sustentabilidade e o think tank Autonomy, que conduziram esse relatório, classificaram as conclusões como um grande sucesso, pois ele trouxe ideias que podem ajudar na elaboração de um novo modelo de trabalho. Hoje, segundo essas organizações, cerca de 86% de toda a população trabalhadora da Islândia está com jornadas menores ou ganharam o ganharam o direito de encurtar suas horas de trabalho.

Os participantes desse experimento são de diferentes tipos de atividade profissional, alguns atuam no setor público e outros no privado e todos eles contaram como reduziram suas horas de trabalho.  A objetividade ampliou espaço e um dos objetivo perseguidos foi tornar as reuniões mais curtas e focadas.  Um local de trabalho decidiu que as reuniões só poderiam ser agendadas antes das 15h.  Outros substituíram reuniões por e-mail ou outra forma de comunicação eletrônica. Alguns trabalhadores começaram seus turnos mais cedo ou mais tarde, dependendo da demanda.  Por exemplo, em uma creche, a equipe se revezava saindo mais cedo quando as crianças iam para casa.  Escritórios com horário comercial normal reduziram esse horário, enquanto alguns serviços foram transferidos para online.

De acordo com a pesquisa, as pessoas passaram a ter maior controle sobre seu tempo e com uma organização e melhor gestão dele conseguiram dar mais eficiência para as atividades exercidas. Essa ideia de semana mais curta, levou inclusive algumas pessoas a cortar as pausas diárias e delegar as tarefas de forma mais eficiente. Além disso, a aceitação da redução da jornada pelos empregadores mostra que já há maturidade para a evolução dessa diminuição no número de horas de trabalho.

Menos horas de trabalho e de forma mais eficiente também resultaram em pessoas “mais energizadas e menos estressadas”.  Com os profissionais com mais tempo para se dedicar às suas vidas pessoais, o efeito sobre o trabalho também foi positivo.

Um trabalhador citado na pesquisa citou um maior respeito pelo indivíduo como um fator motivador.  Em vez de serem vistos como máquinas que funcionam o dia todo, houve o reconhecimento de que os trabalhadores têm desejos e vidas privadas, famílias e hobbies.

No Brasil, a carga horária semanal é de 44 horas. Pesquisadores de todo mundo argumentam que para reduzir a carga de trabalho semanal em outras economias para 35-36 horas são necessárias pesquisas em larga escala.

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