Meio século após a ditadura Portugal tem novos desafios

Ciro Dias Reis, CEO da Imagem Corporativa 25 de abril de 2024 3 minutos
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Hoje, dia 25, fazem 50 anos do fim de uma longa ditadura em Portugal. Ela se desenhou a partir da chegada ao poder de Antonio de Oliveira Salazar em 1933, que liderou o país com mão de ferro até 1968, quando perdeu as condições de continuar liderando o governo devido a um AVC.

Salazar foi então substituído por Marcelo Caetano, político que manteve os pilares do regime conhecido por “salazarismo” até abril de 1974 quando foi derrubado por um movimento militar amplamente apoiado pela população e que foi logo batizado de “Revolução dos Cravos” (devido ao comportamento espontâneo da população que saudou os soldados oferecendo-lhes cravos nas ruas).

O cenário daquele momento mostrava descontentamento da nação como um todo em relação aos rumos do país, em especial as guerras contra os movimentos de independência de suas colônias na África (Angola, Moçambique e Guiné-Bissau). Estas mobiliavam mais de 200 mil jovens soldados nos campos de batalha e tragavam cerca de 40% de todo o Produto Interno Bruto de um país atrasado e empobrecido.

O movimento militar se propunha a restabelecer a democracia em Portugal, mas foram tumultuados os meses que se seguiram à mudança de governo.

Os altos e baixos do ambiente político nos meses seguintes   culminaram com a aprovação, em 25 de abril de 1976, de uma nova Constituição que pavimentou o caminho para a efetiva via democrática que o país vive até hoje.

Em 1986 Portugal entrou para a União Europeia e recebeu recursos do bloco para sua modernização e integração com outros países membros.

Os números da economia

Hoje com 10,4 milhões de habitantes, Portugal tem uma renda per capita de 14 mil euros, abaixo da média europeia dos 17,7 mil euros de acordo com o estudo GfK Purchasing Power Europe 2023.

O desemprego em 2024 é de 6,6%, pouco acima da média europeia de 6,4%. Depois que passou a atrair, nos últimos anos, pessoas de diferentes geografias motivadas por sua condição de relativa tranquilidade e seu clima ameno, Portugal abriga agora 800 mil estrangeiros em situação legal (o dobro do que há dez anos).

Desse total, 720 mil trabalham nas mais diferentes atividades segundo Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Além do desafio de garantir maior empregabilidade aos portugueses em um mercado limitado (o país tem uma área semelhante ao estado de Santa Catarina), o custo de vida se mostra outra equação a ser resolvida.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) cresceu 4,3% em 2023, depois de 7,8% em 2022. Ele é impactado pelos preços dos aluguéis, em grande parte puxados pela forte demanda de estrangeiros por moradias.

Desde 1º. de janeiro de 2024 os contratos de aluguel em Portugal podem ter seus valores reajustados em até 6,9%, maior aumento anual dos últimos 30 anos.

Em 2023, o índice poderia ter subido 5,43%, mas o governo impôs um teto de 2% para diminuir o impacto junto à população. Em 2024 não foram aplicadas restrições e o reajuste seguiu a regra oficial, que é de calcular o percentual com base na inflação do ano anterior.

Caso os proprietários não tenham aplicado qualquer reajuste em 2023 e 2022, os índices permitidos nestes dois anos podem ser somados ao que está autorizado para 2024.

Desta forma, o inquilino poderá ter que arcar com um aumento de preço que considere também uma variação de 2% (2023) e 0,43% (2022).

O salário mínimo de Portugal também foi reajustado em 1º. de janeiro, passando de 760 para 820 euros, o 10º. maior da Europa segundo o governo de Lisboa.

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