Em painel que encerrou o evento European Day 2023, representantes da Business Sweden, Fiesp e Deutsche Bank debateram sobre as perspectivas e visão de longo prazo nos vínculos de mercado entre as duas regiões
Em meio às negociações para finalizar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, Anders Norinder, senior advisor da Business Sweden, Jackson Schneider, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, e Stephan Wilken, presidente do Deutsche Bank Brasil e líder regional para América Latina, debateram perspectivas e visão de longo prazo na relação comercial entre Brasil e Europa.
Norinder, que auxilia empresas suecas a abrirem seus mercados no Brasil, destacou que hoje mais de 200 companhias da Suécia atuam no país, empregando mais de 40 mil pessoas e com investimentos de mais de US$ 40 bilhões nos últimos quatro anos. “Como um país tão pequeno, de pouco mais de 10 milhões de habitantes pode ter um impacto tão positivo aqui no Brasil? Com muito planejamento e perseverança. Estamos aqui com visão de longo prazo”, diz o representante de instituição do governo sueco.
Já Wilken ressaltou que está otimista com as oportunidades a longo prazo das relações entre as duas regiões. “Na minha visão, existem grandes oportunidades de cooperação nesse momento de transformações econômicas e geopolíticas que passam pelo crescimento da população da Europa – com a imigração causada pela Guerra da Ucrânia – além do aumento dos investimentos em defesa até a busca pela diversificação das fontes de energia pelos países europeus”.
Mercosul e UE
Sheneider destacou a importância da assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia que pode, com o tempo, somar US$ 33 trilhões ao Produto Interno Bruto e um mercado de 750 milhões de pessoas. “Essa negociação é longa, nas minhas contas bateu quase 20 anos. O risco agora é reabrir mais uma rodada. Na minha visão, obrigações adicionais trazem riscos do acordo não ser finalizado”.
Segundo o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, por mais desconfortável que seja, é compreensível toda a preocupação da comunidade europeia com o meio ambiente, porém as novas regras precisam ser definidas de forma mais prática e abrangente. “Da forma como está colocado hoje a questão do due diligence ambiental não está muito concreta e traz dificuldades para a entrada de pequenas e medias empresas nesse acordo”.
O CEO do Deutsche Bank, banco europeu que está há 111 anos no país, é mais otimista na relação entre as regiões. “O primeiro acordo entre o Brasil e a Europa foi assinado em 1960. Acredito que as relações tradicionais entre as duas regiões – em que da Europa vem com as máquinas e o Brasil sai com a soja – continuam fortes. Porém, hoje vemos ainda mais oportunidades como a tecnologia verde, por exemplo”.
“Falo para todos que o Brasil pode ser uma montanha russa, em que tem de saber a hora de acelerar e frear, mas a tendência, com absoluta certeza, é ascendente”, conclui Norinder.