Jovens portugueses enfrentam desafios no mercado de trabalho do país

13 de dezembro de 2022 3 minutos
Europeanway

O mais recente Censo do Mercado de Trabalho Português mostra que um em cada cinco jovens do país não consegue arranjar trabalho. Os dados levantados pela Fundação José Neves, pelo Observatório do Emprego Jovem e pelo escritório da Organização Internacional do Trabalho no país europeu,  destacam que além da falta de vagas, os salários dos jovens são baixos e há um desequilíbrio entre a formação adquirida e a requerida.

O estudo mostra ainda que a vulnerabilidade do emprego jovem em Portugal é uma realidade, que se agravou com a Covid-19. Antes da pandemia, a média de desempregados com menos de 25 anos no país era o dobro da população em geral, número que ficou três vezes mais alto durante a crise da Covid-19.

O estudo também destaca que houve uma redução no abandono escolar e aumento de ingressos no ensino superior. Segundo o estudo, “em 2020, apenas 21% dos portugueses entre os 25 e os 34 anos não tinham terminado o ensino secundário”. Já em 2021, 36% e 48% dos jovens portugueses entre os 25 e os 34 anos tinham o ensino secundário e superior, respetivamente.

Apesar de um aumento no ingresso no ensino superior, de acordo com o documento, Portugal apresenta níveis de desemprego jovem superiores à média da União Europeia, são 15,9% de desempregados no país, frente a 13% no bloco econômico europeu.

Duas razões são destacadas para essa situação: relações contratuais atípicas e a transição da escola para o mercado de trabalho, que se tornou ainda mais difícil num período em que a economia estava em retração e que o sistema de ensino enfrentava diversos problemas devido à suspensão das atividades letivas. Em 2021, o percentual de jovens, entre os 20 e os 34 anos, que conseguiram um emprego após terminar o ensino secundário ou superior, caiu para 74,2%. Em 2019, era de 77,5%.

De acordo com os autores da pesquisa, são necessárias políticas complementares  entre políticas de emprego, de educação (dos ensinos superior e profissional) e de apoio às empresas; bem como a regulação do mercado de trabalho e políticas de inovação, tudo no âmbito da reestruturação do sistema produtivo.

Por outro lado, é necessário melhorar a articulação entre sistema de ensino e as competências mais procuradas pelo sistema económico. Envolver os empregadores na concepção e implementação da formação profissional e superior e incorporar ou reforçar da formação em soft skills nos currículos, são algumas das sugestões.

Outro estudo realizado em Portugal mostra que o país tem enfrentado uma fuga de talentos. O estudo Êxodo de competências e mobilidade acadêmica de Portugal para a Europa, revela que questões como salário, estabilidade e reconhecimento são as razões que levam tantos jovens com formação superior a saírem do país. 70% ganhavam menos de mil euros e passou a receber mais de dois mil e, até, mais de três mil euros em outros países. 

A pesquisa envolveu os jovens qualificados que emigraram para a Europa, e que representam um quarto dos portugueses que deixaram o país na última década, segundo o sociólogo, professor e pesquisador do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto. 

A maioria dos jovens que deixam o país não tem um curso superior, apesar da qualificação ser cada vez mais elevada. Mas o número de emigrantes qualificados subiu 87,5%. O seu peso era de 6,2% do total de emigrantes em 2000, atingindo os 11% em 2015.

 

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