
Enquanto líderes mundiais debatem metas climáticas na COP30 em Belém, mudanças concretas na economia verde já acontecem silenciosamente em diversos países europeus. A Itália emerge como líder da UE em produtos sustentáveis, comercializando quase 19 mil itens com o selo ecológico europeu, uma certificação que atesta o menor impacto ambiental ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos.
O rótulo ecológico da União Europeia ultrapassou a marca de 102 mil artigos certificados em 2025, representando crescimento de 3% em relação ao ano anterior. A certificação, lançada em 1992, busca promover práticas industriais mais ecológicas e auxiliar consumidores e empresas em escolhas sustentáveis.
Espanha figura como segundo país mais prolífico do bloco, com cerca de 16 mil produtos certificados, seguida por França (13 mil), Alemanha (10 mil) e Portugal (7 mil). O alcance do programa segue em expansão, com aumento de 15% nas licenças desde 2024.
O setor de tintas e vernizes lidera com aproximadamente 38 mil licenças, representando mais de um terço do total de certificações. No entanto, isso não significa que as tintas se tornaram totalmente não poluentes. Os compostos orgânicos voláteis (COVs) presentes em produtos de pintura tradicionais podem ser tão prejudiciais à saúde humana quanto emissões veiculares.
Nos últimos anos, fabricantes desenvolveram alternativas menos nocivas. Um exemplo notável é o Airlite, projeto financiado pela UE que criou uma tinta utilizando nanopartículas em vez de químicos tóxicos, capaz de decompor COVs e poluentes no ar, além de repelir bactérias, vírus e esporos de mofo.
Diversificação setorial
Os papéis aparecem como segundo setor com maior número de produtos certificados (28.697), seguidos por artigos de limpeza (14.912). O turismo também registra crescimento, com aproximadamente 900 estabelecimentos atendendo às normas Ecolabel, tendo sido concedidas mais de 60 licenças desde o início do ano.
A lista de setores elegíveis foi recentemente ampliada para incluir produtos para animais de estimação, após um xampu para cães produzido na Catalunha tornar-se o primeiro de sua categoria a receber a certificação
As taxas de candidatura para o selo ecológico variam entre 200 e 350 euros para microempresas, entre 200 e 600 euros para pequenas e médias empresas, e entre 200 e 2 mil euros para demais empresas. Descontos estão disponíveis: empresas registradas no Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS) podem obter redução de 30%, enquanto aquelas certificadas pela ISO 14001 têm desconto de 15%, não cumulativos.
Segundo dados da Comissão Europeia, 57% das certificações pertencem a pequenas e médias empresas, numa tentativa de democratizar a economia verde. Além da taxa de candidatura, pode haver cobrança anual, fixa ou baseada nas vendas do produto na UE.
Embora a certificação não conceda reduções fiscais diretas, a elegibilidade pode aumentar as chances de enquadramento em regimes tributários que recompensem práticas ecológicas. Estudo europeu recente revela que produtos com o rótulo ecológico podem custar, em média, 9% a 27% menos que os convencionais na maioria dos países analisados, contrariando a percepção de que sustentabilidade implica necessariamente em preços mais elevados.





