Islândia tenta repovoar suas florestas, dizimadas pelos vikings

Mil anos atrás, 40% do território islandês tinha cobertura florestal, número que é hoje de apenas 0,5%; até 2100, o país quer elevar essa fatia para 12%

29 de setembro de 2019 4 minutos
Europeanway

A Islândia é um exemplo concreto de como a ação do homem pode ser devastadora para a natureza e o equilíbrio dos ecossistemas. O país é hoje o mais desmatado da Europa. Segundo um relatório publicado em 2015 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), apenas 0,5% do território islandês tem cobertura florestal nativa. Algumas das consequências negativas da falta de árvores é que o solo fica exposto à erosão, o que o impede de armazenar água – e o resultado disso tem sido a desertificação.

Mas nem sempre foi assim: os culpados pelo desmatamento da Islândia foram os vikings. No século IX, quando os intrépidos desbravadores nórdicos desembarcaram na então desabitada ilha vulcânica, as florestas ocupavam cerca de 40% de seu território. Levou apenas um século para que os colonizadores escandinavos derrubassem 97% das árvores e as usassem para construir casas, abrindo espaço para pastagens.

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Por causa do clima inóspito e da intensa atividade vulcânica, a vegetação nativa jamais conseguiu se recuperar. O país começou a trabalhar nos anos 50 para repovoar suas florestas, em um trabalho que agora começa a ter resultados concretos. Em 2019, a Islândia deve plantar 4 milhões de árvores, o maior número registrado até hoje. No ano passado, o plantio chegou a 3 milhões de árvores.

A meta islandesa é que 12% de seu território seja coberto por florestas até o fim deste século. O trabalho é encabeçado pelo Serviço Florestal Islandês, com o apoio de agricultores locais. Um grande problema é que o solo é muito pobre. Falta nitrogênio na terra, o que faz com que as árvores demorem cerca de dez vezes mais para crescer do que na Amazônia, por exemplo. Com isso, as mudas precisam ser cultivadas em estufa durante três meses antes de serem plantadas fora delas. Há dezenas de estufas espalhadas pelo país para dar conta desses esforços. 

Como a derrubada das florestas originais foi quase completa, apenas uma espécie nativa tem sido utilizada nos projetos de reflorestamento. É a Betula pubescens, uma das espécies de bétulas, árvores que chegam a 30 metros de altura. Essas plantas são conhecidas por sua capacidade de purificar o solo ao seu redor, o que significa que seu cultivo ajuda na recuperação da flora local. Outras árvores têm sido adaptadas ao território islandês, algumas importadas do Alasca.

O aumento da diversidade de espécies e também da cobertura vegetal fica evidente em Hallormsstaðaskógur, a mais importante floresta nacional da Islândia. Localizada no leste do país, ela ocupa hoje uma área de 750 hectares e tem mais de 85 espécies de árvores, trazidas de mais de 600 diferentes locais do planeta.

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