Islândia: maior geleira da Europa pode sumir até o ano 2300

O glaciar Vatnajökull, que ocupa 8% do território do país, encolheu mais em 2018 do que ao longo de toda a década passada, segundo nova pesquisa

25 de novembro de 2019 4 minutos
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O glaciar Vatnajökull, com suas impressionantes cavernas de gelo, é uma conhecida atração turística da Islândia. Considerada a maior geleira da Europa, ela cobre uma área de 7.900 km2, ou o equivalente a 8% de todo o território do país. Suas dimensões são imponentes, o que não impede que também esse colosso de gelo esteja ameaçado pelo aquecimento global – não para esta geração, mas para alguma que não está distante da nossa.

Segundo uma pesquisa de doutorado que acaba de ser publicada na Islândia, a maior parte da superfície de Vatnajökull pode sumir do mapa em menos de 300 anos. Por volta do ano 2300, a geleira islandesa terá desaparecido caso a temperatura média da Terra suba 4ºC até lá, informa a emissora RÚV.

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Os resultados da pesquisa devem ser publicados em breve no Journal of Glaciology, de acordo com a revista Iceland Review. Vatnajökull, assim como Hofsjökull e Langjökull, a segunda e a terceira maiores geleiras islandesas, respectivamente, encolheram mais em 2018 do que ao longo de toda a década passada.

Os pesquisadores que elaboraram o estudo fizeram cálculos sobre diferentes cenários para tentar antever os riscos que a geleira corre. Eles concluíram que, se a temperatura média da Terra subir 2ºC, a área da superfície de Vatnajökull diminuirá de 30% a 60% até o ano 2300 – o encolhimento dependerá também de outros fatores, como o regime de chuvas. Se a temperatura subir 4ºC, no entanto, a cobertura pode perder de 60% a até quase 100% de sua dimensão atual.

"Para as geleiras do país, realmente é crucial saber se conseguiremos manter as emissões dentro do previsto pelo Acordo de Paris (que estabelece estratégias para limitar o aquecimento médio do planeta entre 1,5ºC e 2ºC até o fim deste século) ou se continuaremos a emitir poluentes como temos feito", diz Guðfinna Aðalgeirsdóttir, professora de glaciologia da Universidade da Islândia e uma das autoras do estudo. "Se nada for feito, os gases do efeito estufa farão com que as temperaturas subam cerca de 4ºC na virada do próximo século."

O aumento da temperatura agirá mais rapidamente nas outras geleiras da Islândia, segundo a cientista. “Hofsjökull e Langjökull, que são mais baixas [em elevação] e têm áreas menores, provavelmente diminuirão de 70% a 80% até o fim deste século. Elas sentirão [os efeitos do aquecimento global] com muito mais rapidez que Vatnajökull."

O sumiço dos glaciares em virtude do aquecimento do planeta é um risco real – e a Islândia tem sido testemunha ocular desse cenário. Em agosto, em uma cerimônia de enorme simbologia, cientistas islandeses e americanos inauguraram um monumento para Okjökull, considerada a primeira geleira do mundo a desaparecer por causa do aquecimento global. Relembre neste link o registro feito pelo Scandinavian Way sobre a criação do memorial.

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