A Islândia deu um passo significativo na luta contra as mudanças climáticas com a inauguração da maior usina de captura de carbono do mundo. A planta, chamada Mammoth, é operada pela Climeworks e está localizada dentro do parque geotérmico Hellisheiði, que abriga uma grande usina de energia. Este projeto é uma prova do potencial da tecnologia de captura direta de ar (DAC+S) para mitigar os impactos do aquecimento global.
A Mammoth é 10 vezes maior do que a Orca, a planta anterior da Climeworks, e uma vez em plena operação, será capaz de capturar até 36 mil toneladas de CO₂ do ar por ano. Utilizando a energia renovável da estação geotérmica de Hellisheiði, a Mammoth usa grandes ventiladores para atrair o ar para coletores com materiais filtrantes. O CO₂ é então liberado, concentrado e misturado com água pela Carbfix, uma empresa islandesa parceira, que injeta a mistura em rochas basálticas a 1.000 metros de profundidade, onde se transforma em pedra em cerca de dois anos.
Apesar do entusiasmo em torno dessa tecnologia, especialistas alertam que a captura de carbono não pode ser vista como uma solução completa para a crise climática. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), será necessário capturar ou remover cerca de 32 bilhões de toneladas de carbono para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, o que coloca uma pressão significativa sobre os recursos energéticos globais.
No Brasil, o mercado regulado de carbono ainda está em desenvolvimento (PL 182/24 do Senado Federal; Antigo 2.148/15 da Câmara dos Deputados), mas há um crescente interesse tanto do setor privado quanto do público em iniciativas de redução de emissões e compensação. Segundo a Mckinsey & Co., há uma tendência de crescimento da demanda, e um dado interessante é que o Brasil concentra 15% do potencial global de captura de carbono. Em 2021, o mercado era de US$ 1 bilhão, e a estimativa é que chegue a US$ 50 bilhões até 2030.
A expansão global da Climeworks inclui projetos de captura de carbono nos Estados Unidos, Noruega, Quênia e Canadá, com ambições de alcançar uma capacidade de remoção de megatoneladas até 2030 e gigatoneladas até 2050. No entanto, críticos apontam para os altos custos envolvidos, destacando que o sequestro de carbono na planta Orca custa atualmente mais de US$ 1.000 por tonelada, com a Climeworks buscando reduzir esse valor para US$ 400-600 por tonelada até 2030.