Inflação cai pelo sexto mês consecutivo em Portugal

Marcos Freire Modugno, do Porto 22 de maio de 2023 4 minutos
Europeanway

A inflação de abril em Portugal caiu pelo sexto mês consecutivo, puxada principalmente pela variação dos preços dos alimentos e da energia. A taxa da inflação considerada é a chamada homóloga, ou seja, que usa como base de comparação o mês atual com o mesmo mês do ano anterior. O dado recém divulgado aponta, portanto, que houve uma queda de 5,7% nos preços médios em abril de 2023, na comparação com os valores praticados em abril do ano passado.

Vale ressaltar que os preços considerados nesta mais recente análise ainda não tiveram o impacto da medida de IVA Zero, adotada recentemente pelo governo para reduzir o custo para o consumidor de alimentos essenciais da cesta básica. Com isso, a próxima análise da inflação tende a apresentar novamente queda.

Outro dado também divulgado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) foi o da inflação subjacente, índice de preços ao consumidor que exclui todos os produtos alimentares não transformados e produtos energéticos. Sob a mesma metodologia de variação homóloga abril 2023/abril 2022, os preços caíram 6,6%.

0,6% em relação ao mês anterior

Na comparação de abril de 2023 com março de 2023, o índice geral do IPC (índice de preços ao consumidor) ficou negativo em 0,6%, confirmando a curva de queda.  Na medição que exclui os produtos alimentares não-transformados e energéticos, a inflação de abril baixou 1%.

As classes que com maior peso negativo na taxa de variação mensal foram as da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis. No sentido contrário, o que mais puxou os preços para cima foram as despesas relacionadas com restaurantes, hotéis e transporte.

Queda também na comparação com países da Zona do Euro

Outro indicador que faz parte da análise mensal é o IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, indicador que permite comparar a evolução da inflação em Portugal com os restantes países da União Europeia. Neste caso, a variação homóloga de abril foi de 6,9%, ou seja, 1,1 ponto percentual abaixo da registrada no mês anterior.  Em comparação com o valor estimado pelo Eurostat para a inflação na zona do euro, o IHPC português foi inferior em 0,1 ponto percentual. O IHPC, que é utilizado na comparação entre os diversos países da União Europeia, diferencia-se do IPC devido à inclusão, na estrutura de sua ponderação, da despesa realizada pelos não-residentes, parcela esta excluída do âmbito do IPC.

Apesar do abrandamento do ritmo de crescimento dos preços, a inflação ainda tem pesado no custo de vida dos cidadãos, principalmente na lista do supermercado. Para tentar reduzir este impacto, o governo anunciou em abril a redução do imposto para alimentos de primeira necessidade, cuja alíquota de 6% foi zerada. A medida deve valer até outubro. Fazem parte da cesta básica de produtos alcançados pela medida:  pão, batata, arroz, frutas, verduras, legumes, laticínios, ovos, óleos, carnes e peixes.

Inflação total do ano deve ser superior à previsão

As sinalizações relativas a desaceleração dos preços os últimos meses, no entanto, não devem perdurar todo o ano. A Comissão Europeia estima que Portugal deverá fechar 2023 com inflação de 5,4%, acima, portanto, da previsão de 4% do governo português. De acordo com o dados recém divulgados pela Comissão, a projeção é que a taxa de inflação fique em 2,6% em 2024.

De qualquer forma, a performance de Portugal deve ficar em linha com as projeções para a União Europeia como um todo: inflação média de 6,4% em 2023 e 2,8% em 2024.

 Os melhores índices de inflação em Portugal foram em 2021 (quando os preços subiram apenas 1,3%) e 2020 (inflação zero).

Europeanway

Busca