
A Índia e a União Europeia realizam nesta semana, em Nova Délhi, uma rodada potencialmente decisiva de negociações comerciais, com o objetivo de fechar lacunas em temas sensíveis como agricultura, laticínios e barreiras não tarifárias. O prazo final para um acordo é o fim do ano, e ambos os lados tentam superar as divergências em ritmo acelerado.
O impulso para avançar nas tratativas ganhou força após a reeleição de Donald Trump e a decisão de Washington, no mês passado, de dobrar para 50% as tarifas sobre produtos indianos, em retaliação às compras de petróleo russo por Nova Délhi. O aumento afetou setores como têxteis, couro e produtos químicos, elevando a urgência de a Índia diversificar suas parcerias comerciais.
Desde que foram retomadas em 2022, as negociações já resultaram na conclusão de 11 dos 23 capítulos, incluindo alfândega, comércio digital, propriedade intelectual, concorrência, subsídios, solução de controvérsias e medidas antifraude. Ainda assim, impasses persistem.
A Índia resiste a renunciar a subsídios agrícolas e a ceder no setor de laticínios, alegando a proteção da subsistência de milhões de agricultores. A UE, por sua vez, pressiona por maior acesso ao mercado indiano para automóveis e bebidas alcoólicas.
Além das questões de mercado, permanecem diferenças em temas regulatórios, como regras de origem, padrões de segurança alimentar, obrigações trabalhistas e ambientais. Bruxelas também critica as ordens indianas de controle de qualidade, que considera barreiras não tarifárias.
Pressão política
As negociações contam com apoio político de alto nível: na semana passada, o primeiro-ministro Narendra Modi e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, conversaram por telefone e se comprometeram a concluir o acordo ainda este ano.
Apesar dos avanços, diplomatas de ambos os lados reconhecem que os obstáculos são significativos e que a janela para um entendimento está cada vez mais estreita.